sexta-feira, 26 de março de 2010

Live, Laugh, Love and Sleep later (Lígia)

"I want to live life, and always be true,
And I want to live life, and be good to you.
And I want to fly, and never come down,
And live my life, and have friends around".

foto:Jocelyn Catterson

Eu tô realmente com vontade de juntar os amigos, é uma pena que no fim das contas muita gente não vai pra Cunha. Queria que todo mundo que tá por esse mundão a fora pudesse por 4 dias se teletransportar pro sítio. Queria dias em cachoeiras e noites frias entre barracas, fogueiras e um violão. Queria beber cerveja boa o dia todo e rir de todas as mesmas besteiras de sempre. Queria que toda galera conhecesse meu pai, e que a noite da Toga realmente rolasse, porque eu sei que o meu pai e a Lilian com certeza estariam lá com um lençol branco e um vinho na mão! Queria ir pro lugar mais alto do terreno, como meu pai chama o "cucuruto", e ficar observando as estrelas enrolados em mantas. Sei lá, agora é só isso que eu to precisando, viver tranquilamente e ter meus amigos em volta.
Noites tranquilas com música, fogueira, cerveja e conversas entre amigos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A cidade e as pessoas (Dani)

Estou há uma semana no Chile e confesso que estou amando! haha Estou tendo vários probleminhas com a língua, mas nada que não se ajeite e que eu não aprenda.

Mas o que eu mais gosto de fazer aqui é estar em casa, tocar meu telefone, eu descer o elevador e ter todos os meus amigos morando perto. Estão todos a quadras de distância, e não a quilometros como no meu querido e idolatrado Brasil.

É muito mais fácil combinar uma cerveja, um almoço, uma passada casual na casa de alguém querido quando essa pessoa está a cinco minutos de você.
E comecei a sentir algo muito óbvio, que eu como arquiteta já sabia, mas não havia sentido. É muito mais fácil conhecer alguém de verdade, ter relacionamento de qualquer tipo, se as pessoas estão perto umas das outras. E quando digo perto não digo a um email de distância, mas a um telefonema de distância. Não para se verem por internet ou falarem por meios virtuais, mas para sentar-se em uma mesa olhando no olhos.

Uma horinha depois do trabalho não mata ninguém, e fortalece qualquer relação. E tudo isso se facilita se a cidade tem uma organização básica que permita esse convívio. Se você sabe que vai demorar duas horas pra chegar num bar e encontrar seus amigos, pode ser que você não vá. Eu muitas vezes não vou.

E é muito boa a sensação de ligar pro teu amigo e dizer: tô passando aí. Isso só acontece se você mora no mesmo prédio...

Enfim, queria voltar pra São Paulo e reformar tudo, mas acho que todos que viajam querem o mesmo...

quinta-feira, 18 de março de 2010

People are islands to be discovered (Lígia)

Ouvindo Coldplay sem parar meus dias vão correndo, adoro ser surpreendida por frases incríveis, principalmente se vindas da voz do Chris Martin. Simplesmente adoro a voz dele, pode até ter a ver com coisas mais profundas do meu inconsciente, pode ser apenas o tom da voz dele que me faz bem, simples assim.
Os dias tão acordando num tom azul esverdeado pra mim. Me sinto como nunca me senti antes mas não consigo colocar em teorias e explicações racionais, caramba, não consigo nem colocar em palavras vazias.
Me sinto dentro de mim, mas não da maneira como me senti ano passado, não estou fechada em mim, simplesmente estou ocupando cada pedaço do meu corpo. Me sinto grande, mas não como se fosse maior que ninguém, me sinto bonita, mas não através dessa noção de beleza que existe, me sinto madura, mas não como se soubesse mais que os outros, me sinto em paz, mas não como se não tivesse problemas ou dúvidas.
Está tudo bem. Não no sentido de que não tem nada de errado. Está tudo bem no sentido de que está tudo bem ter problemas. Eu tenho dúvidas, eu tenho angústias, mas elas não me derrubam, elas não são um foco de desespero, elas existem e está tudo bem elas existirem, eu sei que tenho que lidar com elas e eu estou lidando. Eu olho pra vida e não estou me descabelando, a gente constrói as coisas, nunca desejei a perfeição. Não estou com medo.
Sem crises, sem medo, vivendo e encarando. O tempo está a meu favor.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Às vezes dois universos inteiros se encontram (Lígia)


Você é todo um universo. Eu mergulhei completamente no seu universo, me encantei e me apaixonei com toda a curiosidade pela novidade, toda beleza e toda luz dos seus planetas e estrelas diferentes do meu.

Eu sou todo um universo. E te escancarei todos os meus planetas e estrelas, quis te mostrar toda minha beleza e minha luz, e você decidiu entrar, "você escolheu entrar na minha vida e fazer a diferença", lembra?

O que faz a gente estar aqui, agora, exatamente onde estamos, com todas as coisas, sem tirar nem por nada, é entendermos, admirarmos e respeitarmos o universo um do outro.
Com você eu aprendi a amar de verdade, a respeitar e ser honesta, a conseguir ser sua melhor amiga antes de ser sua namorada, podendo ter as conversas mais fodas que eu já tive com um homem. Com você eu aprendi que paixão pode durar. Com você eu aprendi a importância de conversar, e de se mostrar e não esperar que a pessoa simplesmente entenda como você é, eu aprendi a te entender e te respeitar como pessoa, diferente de mim, semelhante a mim. Eu aprendi a ser madura, a entender o que demanda um relacionamento, a entender que com diálogo você evita muita lágrima e confusão. Com você eu aprendi a fazer amor, aprendi como é sentir alguém tão próximo, quase como se fosse uma única pessoa, foi com você que eu tive todas as minhas melhores noites, ou dias, ou tardes a dois. Com você eu aprendi a admirar um homem pelos motivos certos, eu aprendi a amar uma pessoa e não um sentimento. Com você eu aprendi a compartilhar, a me doar, a não ser egoísta. Com você não tem joguinho, não tem como esconder as coisas, o que eu sinto eu te falo, o que eu acho eu te falo, o quanto eu te amo, eu te falo.
Eu fico, até hoje, olhando pra você e admirando todo esse universo. Eu nunca me canso, de simplesmente olhar e pensar tudo que é você. E tudo que somos nós, que nós dois, essas duas crianças, "the coolest kids", construíram. E a gente construiu com certezas, com dúvidas, com erros, com muitos acertos, com intensidade, com leveza, com o coração acelerado e com o coração batendo devagar, com muita conversa e com muito silêncio, com cerveja e com suco de açaí, com música e risada, com uma quantidade astronômica de Mcdonalds, com muito, muito respeito e admiração, e com muito amor e amizade.
Eu te amo hoje mais do que posso realmente explicar. Te amo por tudo, pelas milhares de risadas, pelas milhares de bobeiras, por todas as conversas, por toda honestidade e respeito, por ser meu melhor amigo e por ser assim, tudo que você é, tudo que existe dentro de você, toda sua luz e sua escuridão.
Tudo que te faz ser o Luis, e não qualquer outro homem do planeta.

terça-feira, 9 de março de 2010

Houve um tempo (Lígia)


Pois é, pra mim também houve um tempo. Engraçado que ontem mesmo numa mesa no Monte Sinai a gente tava conversando sobre isso, e como sempre, em 4 anos, as nossas risadas eram as mais altas num raio de 50 metros!
Houve um tempo em que eu não me entendia, houve um tempo em que eu não tinha coragem de olhar pra mim mesma, em que eu usava muitas máscaras e me escondia atrás de muita coisa. Houve uma época que muita raiva, muita paixão, muito sentimento ficava preso dentro de mim, e eu não sabia como explicar, e eu não sabia como controlar, e eu não sabia como mostrar. Houve um tempo que não faz muito tempo, faz 4 anos e parece que faz uma vida toda.
Eis que a partir de um dia de chuva e de 1,68m em comum eu disse “eu te entendo” mais do que eu poderia dizer por uma vida inteira, e eu comecei a compartilhar muito mais do que 1 milhão de risadas e 1 milhão de lágrimas, eu compartilhei todo o meu ser, tudo que eu sou e tenho orgulho e tenho vergonha. Eu compartilhei toda a minha luz e toda a minha escuridão, e recebi em troca compreensão e nenhum julgamento.
Olhando pra ela eu olhei pra mim, a gente se enxergou nos nossos pedaços, nos nossos desesperos, sim, com certeza, a gente se enxergou nos nossos medos, nas nossas angústias, no que de mais feio a gente via na gente. A gente se enxergou na imensa escuridão, quando mais ninguém enxergava nada disso. Mas, além disso, além de todos os choros e crises e problemas, a gente tem essa mania autodestrutiva de ser otimista, e se tem uma coisa que uniu a gente desde o começo é a capacidade de ser positiva e de dar risada da gente mesmo nos momentos mais difíceis. É por isso que ontem você ligou pra mim, é porque o nosso fundo do poço pode ser bem fundo, mas de alguma maneira a gente faz ele mais raso! A gente já esteve lá algumas vezes, mas a gente se recusa a ficar la por muito tempo, e de alguma maneira nessa jornada toda a gente aprendeu a, com as próprias mãos, fazê-lo mais raso.
Por mais que a gente estivesse destruída emocionalmente a gente sempre teve uma sensibilidade inexplicável de não se lamentar e pensar “cara, como a gente ta sendo fraca, isso não é nada perto de tantas outras coisas que realmente importam”. E a gente nunca teve muita paciência pra pessoas que se fazem de vitima. E cara, é por isso que você tá indo pra lá agora, é por isso que eu te falei desde o primeiro momento que eu fiquei sabendo do terremoto “hahahahaha só podia ser com você, se não fosse com você, seria comigo”, porque toda essa preocupação com você é pequena demais pra tudo que você já realizou pra estar lá e tudo que você ainda pode realizar estando lá!
Chu, a gente nunca foi do tipo que quer moleza ou conforto, a gente sempre quis viver no limite, a gente sempre quis mais e mais, a gente nunca se contentou com metade. É por isso que você vai pra lá, porque você sabe onde estão as coisas que realmente valem a pena, o que realmente vale a pena na vida. E o laço que você vai criar com esse lugar e com as pessoas que você vai conhecer lá, é isso que importa, é isso que você carrega depois, tudo que você vai aprender, trocar e oferecer como pessoa e como arquiteta. Eu me lembro tão bem da gente com as nossas mil crises copiando fotos do centro pra entregar 5438 mil desenhos e sabendo, de alguma maneira, que aquilo tava errado, e quando a Loschiavo trouxe aquela mulher pra contar das experiências dela no pós Tsunami na Ásia e no pós-guerra da Bósnia, aquilo fez todo o sentindo do mundo, como a gente se enxergou naquilo!
Agora você tá indo, pra deixar de sonhar e começar a viver tudo que está dentro de você, e que eu enxergo em mim. Pra fazer da vida o melhor que ela pode ser, pra fazer a curva enquanto todos estão andando em linha reta.
Se eu tenho medo? Claro que eu tenho medo, o terremoto foi de 8.8 na escala Richter! HAHAHAHAHAHAHAHAHA Mas Chubis, se você desistisse você não seria você, e se eu te desestimulasse eu não seria eu.
Então vai, e leva todo esse amor, toda essa alegria e essa risada escandalosa cheia de dentes que eles tão precisando. Enquanto isso, a gente se vira por aqui. Te amo.

Chile I (Dani)

domingo, 7 de março de 2010

Houve um tempo (Dani)

Em que eu não conhecia comida japonesa.
Que eu sofria por ter dias mais intensos que qualquer pessoa pode aguentar. Onde eu escrevia textos sofridos tentando jogar fora um pouco da minha alma. Onde eu viajava pra escapar.
Houve um tempo em que eu não era a chu. Era honey, amiga, Dani. E hoje todos me soam impessoais. Um tempo onde eu não fui a Dani-le, talvez fosse a esquila, sei lá.
Onde eu ficava com um pra esquecer outro.
Onde eu corria quando tinha vontade de chorar.
Onde eu acreditava em promessas feitas por aqueles que não olham nos olhos.
Naquele tempo eu pintava o rosto com carvão quando ia pra praia. Sorria com o mesmo sorriso gigante que sorrio hoje, mas ficava triste se não sorria 500 vezes por dia. Naquele tempo eu ainda não precisava trabalhar e não sentia muitas pressões pra ser alguma coisa.
Houve um tempo onde eu acordava e saía correndo pro telefone pra discutir sobre quão errado tinha sido minha sexta-feira.
Onde eu pensei na pessoa errada no lugar mais lindo da Grécia.
Onde eu pensei na pessoa certa no lugar mais lindo da Grécia.
Onde eu conheci pessoas que, se eu fosse uma casa, abririam janelas.

E depois disso houve um tempo em que eu fechei tudo. Janelas, portas, pensamentos, atitudes. Coloquei todos os fatos, um a um, na minha frente, encarando com olhos tímidos de quem fez coisa errada. E arrumei a casa, limpei os móveis, chorei as mágoas, chorei todas as mágoas. Li todos esses textos fodas de escritores fodas que te ajudam a ver as coisas.

E uma hora passou. Foi. Por mais que eu ainda suba em todos os balcões, por mais que eu ainda dê risada 400 vezes por dia, por mais que eu agora trabalhe e meu pai queria que eu me forme logo. Agora eu sou a Chu, a dani-le, a "manca". Agora eu sou inteira, não sou mais pedaços.