sábado, 28 de março de 2009

Make it simple (Dani)

E o que ela achava que nunca ia acontecer aconteceu. "Você é simples", ele disse, sem mais nem menos. "Com você as coisas vão acontecendo, e você mostra que elas não precisam ser complicadas". Então, afinal de contas, alguém percebeu? E a opinião dele valia muito, porque "afinal de contas ele é meu amigo, ele não mentiria pra mim".

Escutar isso era quase um atestado de sanidade. Finalmente alguém percebeu que era simples, que era mais feliz simplesmente se jogar as vezes. Fazer coisas banais serem memoráveis. Ela poderia viver eternamente com essa certeza, mas seria muito mais fácil se mais alguém visse isso. E de repente alguem viu.
E todo o resto fez muito mais sentido. Ou sem mais nem menos deixou de fazer sentido. Mais do que querer um amor, uma diversão, amigos, ela só queria manter aquela paz de espírito que estava quase que a sufocando, de tão boa que era. "Oras bolas, eu mereço." E ela sentia que não devia mais ser 'encaixada' nos outros, na vida dos outros. Que se criasse junto o encaixe. "Se não, eu sinto muito". Ela nunca saía de casa depois de por o pijama.
"Sim, você é simples, não é impressão sua." Depois de ouvir isso, ela podia tranquilamente dormir num sabado a noite ouvindo Beatles e não se incomodar por ser sabado a noite. "Eu sou simples, eu me criei assim". E ela estava feliz por não ser a única a perceber.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Milk Shake (Dani)

Porque não um shot? Porque não uma cerveja? Sei lá, seja mais chique, um vinho. Uma tequila, deixe claro que é pra se embebedar. Um café, é bem sério. Um chá, é sisudo... Eu daria risada, mas enfim. Um suco, é saudável. Um uísque, um refrigerante, qualquer coisa.
Mas um milk shake? Quebra qualquer tentativa de ser séria, de ser sensual, de ser engraçada, de ser saudável e gostosona. Um milk shake??? Só sobra aDani, a Dani de sempre que brinca com o canudinho. Não sei se queria mostrar ela (eu sei que tá errado). Mas ela queria mesmo se mostrar, disso eu sei.
Vem com aquele gostinho de sorriso, aquele gostinho de historinhas leves no fim da tarde. Ou no fim da noite de domingo. E eu me preocupo, porque geralmente domingos são um porre, eles não costumam ser delicinhas recheadas de milk shake.
Eu tenho tanto o que fazer, tanto o que pensar. Não posso ficar pensando em sorvete com leite batido num copinho plástico. Eu já fiz 23 anos... Mas milk shake é apelação.

Bem Ocupada (Dani)

Vergonhoso, um texto o mês inteiro. Já fui mais criativa, já fui mais paciente... De esperar a história vir, de escrever, de reler... talvez eu esteja bem ocupada. É, é isso, estou bem ocupada.
O que é uma grande mentira verdadeira. Eu estou sim, ocupada, mas não beeeem ocupada.

domingo, 1 de março de 2009

Um texto bem X (Dani)

Sem nenhuma perspectiva de um texto bom, sem nenhuma perspectiva de nada na realidade. Meio como a Dorothy saindo do Kansas, meio na estrada sempre. Uma estrada bonita, ouvindo Jimi Hendrix sem parar, sentindo que o sangue pode sim ser sempre pulsante sem ser sempre sofrido.
Meu choro não dura muito. Isso é fato, meu fundo do poço é muito raso meu Deus. Eu tentei ler os textos de sempre e eu não consegui porque não há quem consiga ser tão deprimido por tanto tempo.
Existem milhões de pessoas pra dizer que você é bonita, pra dizer que você é legal, você pode até pagá-las em último caso. Você precisa delas? Eu sigo aqui tentando decifrar Sagarana, e pensando ao mesmo tempo que tudo são símbolos onde cabe a você decorá-los e entende-los ou não. Ou seja: aprender violão é exatamente igual a aprender francês. E eu ando com uma vontade louca de comprar meu dicionário e sair por aí lendo em ônibus e gramas da vida.
Sem pretensões. Simples. Eu tenho meus fones, tenho meu celular porque eu também sou gente e sempre espero um ou dois telefonemas. Mas um telefonema simples, meu motorola coitado não aguenta mais discussões de relacionamentos. Me chame prum café. Uma torta de maçã com canela. Temaki por enquanto não. Cadê o meu amigo do café? Graças a ele a starbucks é um dos lugares mais aconchegantes da vida.
Eu não quero comprar nada não dona moça. Só tô vendo o quão diferente as chitas podem ser. Eu também achava que era uma só, chita e acabou. Mas é chita com um milhão de sobrenomes, iguais as Marianas da minha sala. E eu gostei muito da chita, mas ela costuma ser brega fora do carnaval.
E meu carnaval teve tanta gente feliz e engraçada que não dá pra voltar pra casa e filosofar. Aí eu vejo muitos fatos dignos de serem filosofados e não consigo! Sigo caminhando na minha estradinha de tijolos. Com meus fones. Meio que dançando. Porque amanha o ano começa e eu sinto cócegas de ser aquela que consegue as coisas. Que faz.
Mas assim, sem muitas pretensões. Que faz. Ponto. Não que faz isso, aquilo e mais aquilo outro. Calma. E seja bem-vindo 2009. Fechei e fechei portas o ano inteiro, tava mais que na hora de abrir janelas.