quarta-feira, 29 de julho de 2009

Tô indo ali II (Dani)

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quse dezembro
Eu vou...
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não..
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Tô indo ali (Dani)




Indo buscar a vida. Frase tão bonita essa. E é o que eu tenho feito. Tô indo ali, buscar minha vida, fazer minha vida, já venho já. E volto com aquele sorrisão de criança que ganhou muitos sorvetes na praia. Não um ou dois, mas muitos.

Tesão. Dá tesão ver seu trabalho bem-feito, dá tesão fazer alguma coisa e ver aquilo ficar bom, dá tesão passar o vídeo no projetor e ver todo mundo batendo palma. Dá vontade de fazer mais.Dá vontade de fazer melhor. Pegar meus braços e abraçar esse mundão tão carente de um abraço verdadeiro.

Pessoas. Como eu adoro elas. Apesar de cada pequeno defeito, apesar de cada falha, eu adoro as pessoas. Porque elas erram, porque elas tentam. Eu acho bonito de ver.

Tô sentindo que tô indo, indo buscar o que é meu, construindo o que também é dos outros. Construindo, construindo, construindo. Eu que sempre tive pavor do teórico.




O bicho-papão foi embora.

Mr. Tambourine Man (Lígia)

Ontem eu tava conversando com o Luis sobre isso, e hoje vindo de onibus pro trabalho eu só conseguia escutar Bob Dylan. Porque um tempo assim meio cinza e chuvoso pede Bob Dylan, por mais que ele sempre me leve pra um lugar quente, árido, com muito sol e horizonte.
Eu simplesmente adoro a voz dele. Não como voz, mas como som. É um dos sons que eu mais gosto no mundo. Não tem simbologia, nem significado. Eu adoro as letras, eu adoro a imagem, eu adoro o violão e a gaita, eu adoro tudo que ele representa, mas não é por nada disso que eu gosto da voz dele. O quão maluco é isso?
Eu sempre escuto música prestando muita atenção na letra, e com Bob Dylan foi completamente diferente, eu coloquei o cd pra tocar e até hoje parece que eu sou embalada pela voz dele, eu só escuto melodia e não letras. O que pra mim é muito estranho.
Talvez por isso eu não tenha uma música preferida, e eu não consiga distinguir bem os cds. Eu tenho um monte deles no meu ipod, mas eu não escolho um em especial e nem uma música em especial pra ouvir.
É uma relação tão estranha. Ontem eu tava lendo o caderno que eu e o Luis levamos pra Buenos Aires pra escrever as coisas da viagem, e eu vi um texto meu escrito no segundo dia da viagem de onibus, e eu lembro que não consegui dormir bem aquela noite e fiquei olhando aquela estrada sem fim e a noite estrelada, e obviamente ouvindo Bob Dylan, e eu escrevi assim no meu caderno "A voz dele parece tão perto", e eu lembro da sensação de ele estar ali do meu lado cantando.
O quão louco é o mundo? Como pode uma pessoa parecer tão proxima pra mim e ela não ter ideia de que eu existo!!
Como pode despertar tantos sentimentos em mim?
É muita loucura, é quase bizarro!
Já deixo claro aqui que não existe nenhum tipo de sentimento de paixonite adolescente pelo idolo.
É só um dos sons que eu mais gosto no mundo inteiro. E é a voz de uma pessoa que eu não conheço!

PS. Semana passada eu assisti o filme "Eu não estou lá" que é sobre ele. Eu recomendo fortemente o filme, é muito bom, são vários e ótimos atores representando ele. Só não espere uma bigrafia cronológica e nem muito lógica. Preste atenção nos diálogos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Bem vindo! (Lígia)

Comer sashimi de salmão até minha barriga doer, reclamando de harry potter que é sempre um assunto feliz, com carona de um amigo que reclama, reclama e reclama só pra fazer graça. Pegar estrada sozinha pela primeira vez ao som da trilha sonora de Across the Universe, abraçar minha vó de 87 anos e ouvir ela dizer que eu estou linda, e eu achar ela tão mais bonita. Estar na presença de um menino de 11 anos e não conseguir parar de dar risada da história da pedra que caiu no telhado da vizinha e ele teve que pagar, e perceber que a casa tinha duas voltagens, a dele e a do resto da familia! Comer lasanha feita em casa e a mesma beringela delicia de sempre, com o pão meio italiano e escutar sua família pedindo pra você trazer seu namorado porque eles querem muito conhece-lo, "e pede pra ele trazer o skate Lígia!".
Olhar aquela cena de sempre meio de fora, e perceber o quanto eu amo ir para Vinhedo.
Colocar a calça nova e pra variar perceber que eu não tenho blusa, pegar o interfone e discar 481 e atacar o armário da mesma amiga, sempre. Vestir todas as mil blusas dela enquanto a tifanny rouba meu chinelo e eu tenho que caçar ele pela casa.
Pegar carona com minha carona oficial, e ir contente ouvindo todas as histórias e pensar que eu tenho certeza que o Luis não tá entendendo nada lá no banco de trás e dar risada por dentro com isso!
Saber que a balada pode ser na padoca da esquina ou num barzinho de rock na barra funda, que a galera vai estar bebendo cerveja ou maria mole do mesmo jeito. Ter uma overdose de Bob Dylan de presente de aniversário e uma bala ardida. Dançar tanto que fez meu pé doer mesmo estando de sapatilha, e ver tanta gente que eu gosto tanto dançando e se divertindo. Ganhar drinks e me sentir absurdamente querida, e querer muito dividir com todo mundo. Ouvir de uma amiga que eu tenho uma familia muito bonita, no mesmo momento que eu vi meu irmão abraçando tão forte a minha irmã ao dar oi pra ela. Ver minha irmã tão feliz e ver a roda de conversa mais engraçada da noite. Sair correndo procurando o Alê quando tava tocando Candy e perceber que ele também tava me procurando.
Chegar às 5:30 em casa sabendo que tinha que acordar às 8:00 e poder dar um beijo no Luis quando eu sai de casa na manhã seguinte, e ver a mão dele buscando o ar tentando me alcançar pra não deixar eu ir embora. Conversar melhor com a minha dupla e ter certeza que a construção vai ser animal, e ter a honra de conhecer o Patrício e poder aprender com o Glaucio como fazer todas as perguntas que eu quero, e ver duas almas jovens presas em corpos cansados e judiados serem tão otimistas, ouvir que até sem as pernas ele continuaria, se ele pudesse ainda respirar ele continuaria. Ouvir histórias que parecem livro do Graciliano Ramos e desejar tanto construir aquela casa e mudar um pouco o destino daquela família.
Acordar no dia seguinte às 7:00 pra ir trabalhar, com o corpo ainda dolorido e com o plus da cólica, e me sentir feliz. Sentir meu corpo inteiro feliz.
Bem vindo, 22.

domingo, 19 de julho de 2009

O Abraço (Dani)

É tudo culpa dele. Quando você se permite gostar de alguém que você sabe que não vai dar certo. Culpa daquele abraço que dura alguns segundos a mais do que os abraços costumam durar. Quando você poe cor, otimista, em coisas que naturalmente são cinzas e que se assumem como tal. Mas poderia ser tão aconchegante...E aí você muda sua vida, muda seus hábitos, a espera de um telefonema que naturalmente você não esperaria. Porque na verdade você não tá esperando o telefonema, você espera aquela falta de ar que vem depois, naquele abraço que é apertado mas você não quer reclamar. E aí você finge que não liga, mas liga sim. Porque raios aquele abraço não vem, não vem de verdade de um jeito que você não precise fingir, não precise se adaptar. Não precise se encaixar.
Sentada na beira da praia, num dia de muito vento, eu fui me desenrolando e me desencaixando, conforme o vento batia e bagunçava todo meu cabelo e eu fazia um esforço gigante pra ele ficar no lugar. E me desenrolei e me desafiei a me por no meu lugar. Porque se tudo tá no lugar errado, eu sei que a falta que eu sinto não é de alguém. É dele, o abraço.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Volta de viagem (Dani)

Eu me ofereço por inteiro e você se satisfaz com a metade. E misturando com Clarice, eu ainda tenho que te agradecer. Você só quer saber do dinheiro que eu gastei ao invés de quem eu conheci. Você só quer uma palavra enquanto eu daria livros. Eu não vou seguir assim, cercada por espinhos, presa numa camisa de força invisível e sem saber que o vento tá lá fora.
Você é um mundo inteiro que está cinza e eu pretendo colorir. Dessa vez sem vergonha ou qualquer tipo de medo. Porque eu quero estar aqui por inteiro, cansei.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Coragem (Dani)

Ter coragem é um troço bizarro. Voce acha que vai morrer de medo e quando respira fundo, o bicho papao vai embora. E se tudo o que voce planejou da errado, tudo bem. Juro que não é o fim do mundo que parecia ser.

Coisas que sustentam (Dani)

Tem pequenas coisas que acontecem que as vezes seguram a minha barra:

Pescada com limão fritinha na hora
Macarrao com parmesao ralado na hora
Jimi Hendrix cantando Fire
Limonada gelada!
Correr na academia e nao sair de lá morrendo
The Fratellis
Fazer a mala!
Saber que amanha tem praia e sol
E depois de amanha também!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pode ser (Dani)

Pode ser até que eu faça tudo errado.
Mas pelo menos eu tô fazendo.