segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De meia no sofá (Dani)

A gente sente solidão. Acorda sentindo solidão quando toma banho, quando tem que pagar contas chatas e comer comidas saudáveis. Solidão quando liga a teve depois de um dia cheio e não tem nada de bom passando mas mesmo assim a gente ve porque assim "descansa o cérebro". Isso é solidão.

E se torna cada vez mais difícil de verbalizar, de transformar em gestos toda a carência de vida que dá dentro da gente. Quem conversa tomando vinho falando da vida sentado de meia no sofá não reclama que o cérebro está cansado.

E cada um gasta seu tempo com seus desvios e atalhos pra solidão ser mais justificada. Eu passaria a noite aqui, sendo sozinha e sem coragem de pedir um abraço. E iria dormir quando meu cérebro já não funcionasse mais e me desse preguiça de por o pijama, de tanta solidão e falta de carinho no mundo.

Quando de repente a solidão cala sua boca e deixa todo o seu grito passeando desesperado por dentro de você. Pedir um abraço e todo o amor do mundo parece idiota. Mas era isso que eu queria, todo o amor do mundo daqueles jeitos bem bregas. Traz um café da manhã na cama e depois vai ali no canto e fica me olhando enquanto sorri daquele jeito de canto de boca com os olhos brilhando. E me dá de volta toda a vida que a vida me arranca todo dia de manhã. Me abraça, me esmaga e me mostra que nossa vida tem aquele brilho e aquela força que faz as pessoas levantarem felizes e tomarem cafe da manhã sonhando.