sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eu e a Música: The Who (Lígia)

Ontem eu passei a manhã tocando violão com meu pai. Que delicia tocar Comfortably Numb! Fiquei a tarde baixando músicas e ouvindo velharias enquanto fazia o freela. E a mistura de um blog de um cara muito da hora que fala sobre música e assistir o programa "geléia do rock" antes de dormir me fez perceber o quanto eu sou realmente louca por música.

Acho que eu nunca tive dúvidas, nunca mesmo. Me lembro de um dia no trabalho eu estar baixando algum album de uma banda de Ska e comecei a me enfiar em mil páginas sobre música Jamaicana, Ska, Rock Steady, os Rude Boys, dai fui pro movimento Punk, e quando vi tava lendo a muito tempo páginas e páginas sobre música. Mas não sei, acho que nessas minhas fases meio "entalada" a música é a minha melhor maneira de entender/tirar um pouco o que ta rolando aqui dentro, sejam letras, melodias, conexões bizarras que eu faça ou simplesmente uma sensação cósmica de compreensão absoluta!

Os exemplos são muitos, tanto a sensação com The Smiths e Radiohead nas semanas passadas, ou com AC/DC quando eu vou correr, ou todo o lance do John que eu senti, ou a velha e sempre incrível relação que eu tenho com Pink Floyd e Bob Dylan de eles se encaixarem em algum espaço na minha alma. Mas tudo isso são histórias pra outra conversa, porque hoje eu vim falar da minha experiência terapêutica com The Who.

Perdida no interior da França, quando eu tive a capacidade brilhante de perder a parada do trem, sem conseguir me comunicar com ninguém da estação de uma cidadezinha que eu nem sabia falar o nome, me bateu um desespero dos grandes. Acho que a coisa toda aumentou muito por eu estar sozinha num lugar que eu não conseguia pedir informação, mas eu sei que eu desmoronei pra valer ali. Pensei em ligar pra minha mãe, mas logo em seguida bateu a consciência e o "ela não vai conseguir me ajuda e só vou deixar ela preocupada".

Bom, tudo isso pra dizer que na hora eu peguei meu Ipod, rolei pro T (como eu já disse antes, meu Ipod bizarro conta o artigo como nome), e mandei ver no Tommy, de cabo a rabo. E aquilo simplesmente me acalmou. Tem alguma coisa nas viradas do Keith Moon que te fazem perceber que existem coisas que são maiores, saca? Não sei muito bem explicar. Ouvir aquele album, feito em 1969, de maneira absurdamente maravilhosa, me fez perceber como aquilo que tava acontecendo era pequeno perto da viagem que eu estava fazendo, perto de tantas outras coisas muito maiores que existem no mundo.

Desde que eu ouvi o Abbey Road pela primeira vez eu fiquei completamente fascinada por albuns conceito, daqueles que você não pode ouvir as músicas separadas, que contam uma história que se desenvolve por todas as faixas. As músicas que voltam, que conversam, me alucinam demais! E o Tommy é um exemplo muito alucinante. Overture já faz eu sentir que estou comprando um ticket pra uma viagem, é como se você desse um "start" mesmo, você entrou numa jornada, cara. Todas as músicas são imprescindíveis e estão no lugar que deveriam estar, isso é muito foda!

Eu lembrei que tomei o maior susto quando descobri que o The Who era contemporâneo dos Beatles, e tinham tocado no Woodstock. Antes de conhecer pra valer eu achava que eles eram mais recentes, fiquei muito impressionada quando soube que aquele rock n’roll todo, do tipo porrada na cara, que não a toa influenciou o nascimento do punk, era da década de 60. Acho que foi aí que eu pensei "Calma, tenho que ouvir mais esses caras". Sabia de toda a loucura que era, da criação da tão reatuada quebra de instrumentos no palco, do mito que existe em torno do Keith Moon, mas eles ainda assim conseguiram me tirar o fôlego.

Ainda tô no processo de conhecer pra valer esses 4 caras, mas já posso dizer que ouvir The Who, seja no meio da França, ou agora mesmo, pra escrever esse texto, é totalmente alucinante.

"See me, Feel me, Touch me, Heal me"

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