segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Nos cadernos perdidos da Fau (Dani)

Eu reli tudo que já escrvei, todas as cartas que já fiz e não mandei, todas as músicas que ouvi centenas de vezes. Recolhi todas as lágrimas que derrubei no travesseiro e no banheiro. Refiz minha maquiagem, procurando meus olhos inchados. E sorri me olhando no espelho.
Sentei na cama decidida, ia chorar. Sentei. Esperei, até me esforcei um pouco, mas não consegui. Levantei e fiquei parada, olhando pra parede, sem saber se saía do quarto ou ficava lá. Olhei com um desespero contido pra minha cômoda e não sabia se meu pedido ainda fazia sentido. Eu nem sei mais tudo o que pedi.
Escondi meus olhos atrás dos óculos e sorri pro cobrador do ônibus. Hoje eu saí de cabelo preso e sem batom. Hoje eu não tenho o que pedir.
Voltei e dormi e meu telefone tocou e tudo fez mais sentido. Voltei pra casa e não queria mais dormir, é só mais uma noite, já vai passar.
Eu já me enchi, já me transbordei e cada vez que eu pensei esvaziar eu só fazia transbordar mais. E todas as noites de repente fizeram sentido de novo, mas eu tive que voltar e não pude dormir, e quando eu vi já tinha jantado nos mesmos lugares de sempre e visto as mesmas pessoas de sempre.
Um dia eu vi o mundo de cima e as pessoas não eram as de sempre e eu não estava mais sozinha. Eu sorria pro mundo e o preço que ele cobrou foi muito baixo. Eu não me importo de entrar no ônibus errado e descer, eu só quero chegar salva em casa, eu sempre chego salva mas acho que nunca chego sã.
Eu fui sincera como poucas vezesfui e como poucas pessoas são. E perdi o medo de tomar tapa, ninguém tem absolutamente nada a perder. Eu perdi o medo de quase tudo, a chance é sempre um pra seis bilhões, eu já expliquei isso. Mas eu ainda tenho medo de falar tchau. E não tenho mais medo de falar oi. Oooooi, vida. Eu te escalo até ver a vista mais bonita que eu posso ver.
Say goodbye, diz a música. Talvez seja isso.


PS: Escrevi isso sabe Deus quando. Se não faz sentido pra vc, acredite, não faz mto pra mim tb. Mas tá aí mesmo assim.

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