quinta-feira, 1 de abril de 2010

For some reason I can't explain (Dani)


Foto de uma construção do UTPMP no Chile


Foto de uma construção do UTPMP no Haiti

Não sei direito o que escrever, tenho tantas coisas na cabeça, tantos acontecimentos que fica difícil por em palavras. Só sei que construir em Pichidegua, um vilarejo nos confins do Chile me fez sentir mais... humana, talvez.

No Brasil é como se eu fosse acostumada a ver favelas, a trabalhar com pobreza, a querer diminuir a situação degradante que vemos na televisão todos os dias. Como se fosse um costume, como se fosse uma obrigação. Porque eu sinto como uma obrigação mesmo.

Mas aqui, não sei... De repente uma catástrofe chega e destrói a vida de pessoas que, sei lá, não estavam preparadas pra aquilo. Famílias que estavam vivendo e de repente se veem obrigadas a mudar tudo, a começar do zero. No Brasil sinto que estamos no zero e só temos a crescer, mas aqui ficou a sensação de não deixar que essas pessoas se sintam menores, se sintam pequenas.

E ao mesmo tempo é sempre o mesmo brilho, sempre a mesma sensação boa de que, mais que uma boa ação, eu conheci pessoas maravilhosas, obtive a permissão de entrar na vida de pessoas tão especiais...Coisas como assar um porco e uma galinha pra agradecer, pegar a bicicleta e ir correndo na mercearia mais próxima pra comprar um refrigerante. Mostrar os vestidos que usam nas festas tradicionais, os chapéus. Tudo isso em outra língua, com sotaques que eu as vezes demoro a entender. Mas com uma linguagem única, onde todos nos entendemos. Sorrimos e cantamos e bailamos.

A Marysol me disse ontem que está aproveitando sua viagem para se conhecer melhor, para crescer. E sei que estou aqui há duas semanas, não é nada, mas já me sinto mais segura, mais independete, mais...humana. De novo. Enxergando que pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo. E que eu vim aqui pra conhecer pessoas, pra me deixar influenciar por elas, pra conhecer novos sabores e cheiros e sons. Isso aqui já é minha vida.

E vou construir de novo esse feriado. Dessa vez em San Rafael, um lugar um pouco mais afetado pelo terremoto. Conhecer mais pessoas, me deixar inundar um pouco mais por essa sensação de ser parte de um todo, em qualquer lugar.

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