quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nivelando pilotis (Lígia)

Me deu vontade de escrever, por ter lido o que eu talvez não deveria. É com certeza eu leria o e-mail se fosse comigo.
Mas sabe eu realmente não sei o que dizer e nem por onde começar, e essa vontade anda comigo já faz uns bons meses, mas eu olho pro papel e nada, não sei nada. Que coisa louca.
Não tenho idéia do que isso significa, vontade de por pra fora o que nem está dentro, ou está e ele é apenas amorfo, incolor, inodor e também não tem nome.
Acho que é o suspiro eterno que eu sempre senti, eu só ocupava ele com outros nomes. Eu tentei dar tantos nomes a ele, nomes de fases, de lugares, de saudades, de meninos, de comidas, de músicas, de felicidades, de trabalhos, de tristezas, de momentos e até de pobreza e de força de vontade.
Mas a verdade é que isso tá aqui dentro e não lá fora, então essa coisa que se expande e toma o meu peito por completo sou eu mesma.
É toda essa vida que tenta habitar 1,68m, é todo esse jogo de luz e escuridão, todas essas infinitas cores que flutuam dentro de mim.
Eu não faço a menor idéia do que isso quer dizer, mas é incrivelmente aliviante perceber que essa sensação não vai embora, (mesmo que às vezes ela me sufoque e me deixei um pouco ansiosa) ela não vem de um carregamento externo, ela é um esforço interno, ela sou eu, e não uma resposta ao que está acontecendo na minha vida.
E assim ela me incomoda menos, porque ela não é mais um termômetro pra me dizer que algo está ruim, ela é só esse coração que teima em querer explodir e fazer transbordar todo o suspiro, mesmo eu nem sabendo o que raios isso é.

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