sábado, 17 de julho de 2010

4 meses é realmente pouco! (Dani)

Quando a gente conversava por email você me parecia tão formal! Pensava que era alguém, sei lá, do alto dos seus 30 anos, me "saludando cordialmente". E eu estava tão preocupada com a viagem, e em ter um lugar pra ficar, que não me importei muito.
Quando cheguei no Chile te odiei meio de cara, como assim você não foi no aeroporto e eu fiquei sozinha às três da manhã num país onde eu nem sabia o idioma??? No dia seguinte descansei, arrumei minhas coisas e saí pra te conhecer. E aí de repente o senhor era um cara gente boa com a voz grossa e que falava devagar comigo, pra que eu entendesse.

Eu lembro que nesse dia eu sentei do seu lado na casa da Marisol porque você era o único que falava mais devagar comigo, poxa! Espanhol e português NÃO são o mesmo idioma! Senti uma simpatia, algo mais como uma confiança. Durante a semana a gente se encontrou algumas vezes, até que um dia você me levou pra tomar cerveja e eu tava tentando aprender a falar e a gente se confundiu com a palavra rato e ficou um clima meio estranho, demos risada e ok... E quando você me levou até em casa, quando me mostrou a oficina, quando preparamos macarrão e eu soube dos conselhos do seu pai, tudo ficou meio estranho.

Até a hora que você apareceu na cozinha com um presente pra mim, tão coqueto, uma pulseira da Colômbia e eu te mandei uma mensagem pra agradecer. E seis dias depois da minha chegada, enquanto a gente dançava forró, você resolveu me dizer todas as coisas que passavam na sua cabeça e foi tão atordoante que eu precisava de uma cerveja. Porque ninguém nunca tinha sido tão franco e dito com todas as letras o que queria dizer, porque afinal de contas se pode morrer amanhã. E ninguém nunca tinha me dito isso em seis dias!

E no dia seguinte naquela salsa naquele lugar horrível com mulheres gigantes e feias você era a única pessoa com quem eu queria dançar, a única com quem eu queria conversar e ao mesmo tempo tinha tanta vergonha. E ah, tá bom, foi um beijo, não vou casar com ele, relaxa.

E seu beijo não foi só seu beijo, é também o conjunto de conversas mais interessantes, de momentos mais divertidos, de lágrimas nos olhos quando penso que vou embora, de nomes broxantes só pra me irritar, de manhãs preguiçosas falando de nada, de acordar os meninos com as minhas gargalhadas, de idas ao mercado cantado e dançando, de construções onde você dorme segurando a minha mão e eu tentei soltar pra ir no banheiro e você só soltou quando acordou, de bebedeiras absurdas tomando rum, de conversas sem sentido no gtalk, o seu beijo de manhã quando sai pra trabalhar e eu tô dormindo, as confusões entre português e espanhol que a gente faz quando conversa.

Quando eu cheguei aqui eu não pensava em estar com ninguém, como assim você não está mais solteira??? Eu queria estudar, ver arquitetura e trabalhar no teto. Queria voltar na semana dos aniversários. Quando você me escrever seu primeiro "hola como estas" eu não sabia que isso ia chegar aqui.

E depois de quatro meses, não me importa se vou pro Brasil, não me importa se tenho duas semanas aqui, "mas as bodas de diamante passaram pelos 4 meses", não me importa nada disso, quatro meses é tão pouco!

3 comentários:

Ju All disse...

É bom qdo a gente se permite e as coisas dao certo. Fico feliz por vc, dear. Permita-se e aproveite!!
Apaixone-se mais e mais ate sentir vontade de escrever um texto desses todos os dias.

Unknown disse...

Quanta felicidade vir aqui e ter 2 textos novos! Adorei muito! =)

dani disse...

chubens! vc nem comentou o nome do texto! foi especialmente pra vc! ahaha