segunda-feira, 15 de junho de 2009

21 anos (Lígia)

Eu nunca tive a pretensão de ser perfeita. E eu acho isso bom. Mas isso deu margem pra, na minha vida toda, eu me desculpar pelos meus erros. “Eu estou aprendendo, eu estou aprendendo”.
Mais vale você olhar hoje pra trás e realmente entender porque errou, ela me diz no telefone. Eu sei disso. Mas de repente eu me pego assumindo todos os erros de uma vida de uma vez só.
E vem uma vontade louca de esclarecer as coisas, de ter integridade e gritar pras pessoas: quero ser decente e honesta e te olhar nos olhos e dizer que errei com você.
E isso me impede de dormir a noite, me impede de simplesmente colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Não faz muito tempo, num ônibus que percorreu tantos quilometros eu mentalmente pedi desculpas a todas as pessoas que achava que devesse, mas esse processo de limpeza continua e continua sem parar.
Eu não quero me justificar, pela primeira vez eu não to bolando mil desculpas pra me justificar, pra tentar amenizar meus erros. Pela primeira vez eu quero simplesmente assumir. Eu não quero nunca mais fugir de alguma escolha, ou postura ou atitude que eu tomei ou vou tomar. Nunca mais.
E eu sei que isso é a vida, é perceber coisas ruins em você que você não quer mais, e que na verdade você percebe isso quando o processo já está acontecendo, não é uma decisão tipo “ta amanhã começo a lista”, não.
É como se eu tivesse largando roupas no caminho de santiago, como se eu deixasse tudo pra trás, e ao assumir o meu erro e ao encara-lo eu posso, como sabiamente ela me disse, entender quais motivos me levaram a ele.
E eu olho, cara como eu olho, pra essa garota de 15 anos, pra aquela garota de 16 anos, e mesmo pra aquela de 19 e ta tudo tão longe. Eu não consigo explicar o caminho que eu entrei ano passado, mas é um processo tão longo e tão exaustivo. De olhar pra tudo, de limpar tudo, de desconstruir, de reconstruir, de ficar dentro e dentro e dentro, até a cabeça não agüentar mais.
Eu me sinto dentro do casulo, eu to sempre analisando, analisando antes e analisando o agora. Não é uma fase, é uma crise.
Eu precisava muito daquela cabana dos 21 anos.
Eles é que sabem das coisas.

Um comentário:

Daniele disse...

A famosa crise dos 7 anos. E isso é sério.