sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Handsome, grow up, be sensible and don't get carried away. (Lígia)

"- I love that sound. - he mumbled into her hair. - Blackbirds at dawn.
- I hate it. Makes me think I've done something I'll regret.
- That's why I love it."



I'll be doing my best, see you soon.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sobre ser real (Lígia)

Paul e eu temos histórias parecidas. Ambos crescemos em lares desfeitos, ambos descobrímos a fé ainda moços, ambos temos entusiasmo por arriscar a sorte. Mas ele é mais evoluído em altruísmo, o que sempre considerei uma espécie de brilhantismo emocional. O que quero dizer é que a maioria de nós está sempre preocupada com o que os outros estão pensando. Esta preocupação se infiltra em nossas palavras, nossos atos, sonhos e sentimentos, e Paul parece estar acima disso – ou abaixo disso, não sei. Apenas não é afetado. Ele não se preocupa muito com nada, o que me impressiona como se fosse uma espécie de milagre.
Como uma pessoa consegue deixar de se preocupar com a opinião das outras a ponto de desfrutar delas sem manipulá-las? Como uma pessoa pára de se preocupar com o dinheiro para pagar o aluguel, de onde virá a comida ou se tem ou não um bom plano de aposentadoria? Quando uma pessoa está com Paul, é confrontada com a ideia de que a vida pode ser muito mais fácil do que o resto de nós acredita ser, de que a maioria das coisas com a qual nos aborrecemos não vale o aborrecimento, que uma conta bancária zerada e roupas fora de moda não dão câncer. E é exatamente isso o que às vezes sinto: que um saldo bancário lá embaixo ou uma posição social inferior me dará câncer.
Tendo a pensar que a vida tem a ver com segurança, que, quando você tem um ano de aluguel pago, pode descansar. Preocupo-me demais com as coisas, sobre se minhas ideias estão certas ou não, se as pessoas gostam ou não de mim, se vou ou não me casar, e então me preocupo se minha mulher me abandonará ou não quando nos casarmos. De um tempo para cá, me flagrei preocupado se meu carro estava ou não na moda, se eu parecia um idiota quando falava em público, se meu cabelo cairía ou não, e tudo isso, talvez, porque vivia em Houston, mais de 1,5 mil quilômetros quadrados de concreto, shoppings, mega-igrejas e complexos de cinemas, nada disso real. Quer dizer, isso tudo está lá, é feito de matéria, mas não passa de exagero. Nenhuma das mensagens é verdadeira ou tem qualquer relação com o fato de que estamos girando em um planeta em uma galáxia em algum ponto de um universo que não tem limites. Parece não existir uma ciência que diga que alguma dessas coisas tem qualquer importância. Mas parece que isso tem importância, ou o que quer que seja; é como se fosse preciso entrar em pânico por causa dessas coisas.
Lembro-me de estar dirigindo pela Interestadual 45 alguns meses atrás e, de repente, me dar conta do número de placas que gritavam para mim, placas querendo que eu comprasse colchões d’água, placas querendo que eu visse garotas tirando a roupa, placas querendo que eu comesse comida mexicana, cartazes giratórios iluminados querendo que eu fosse à Igreja, me inscrevesse em uma academia, visse aquele filme, financiasse um carro, mesmo se eu não tivesse dinheiro. E me chocou que, em meio a toda aquela balhureira, em meio às mensagens que diziam “compre este produto e seja completo”, eu mal conseguia conhecer a vida que a vida deveria ser.
Houston faz você achar que a vida se resume a pânico e a solução pra se livrar dele, nada mais. Ninguém pára para perguntar se realmente precisa de uma casa, de um carro ou de um emprego melhor. Por causa disso, parece nunca haver paz, não há serenidade. Já não podemos ver as estrelas em Houston, não podemos ir à praia sem pisar em uma garrafa de coca-cola, não podemos passear nos bosques porque já não há bosques. Só podemos entrar em pânico por causa das roupas que vestimos, pânico por causa dos carros que guiamos, ficar presos no trânsito e entrar em pânico pensando se o cara que nos corta nos respeitará ou não. Queremos matá-lo por gritar demais, e o tempo todo sentimos necessidade de novos móveis, de uma nova televisão e uma casa maior no bairro certo. Dirigimos em transe, salivando por Starbucks enquanto aquele grande céu se estende acima de nós, e aquela bela alvorada acontece no deserto, e todas aquelas montanhas a oeste estão reunindo neve nos seus pinheiros, e todas aquelas folhas estão mudando de cor a leste.
Deus, é tão bonito, é tão quieto, é tão perfeito. Faz com que você sinta, talvez por um segundo, que Paul tem o que não temos; que, quando você vive em uma Kombi e se levanta para o nascer do sol e cozinha sua própria comida em uma fogueira e pára de se preocupar se seu carro vai quebrar ou se tem roupas da moda ou se as pessoas gostam ou não de você, você rompe, tapa os ouvidos para o bombardeio de mentiras que nunca param de ser sussurradas ao seu ouvido. E talvez, por isso, ele pareça a mim tão diferente, porque se tornou um ser humano que já não acredita que os comerciais são verdadeiros – o que, talvez, um ser humano seja projetado para ser.
Faz sentido quando você pensa. Quer dizer, ficamos no deserto esta manhã, e a química em meu cérebro infiltrou-se suavemente na massa cinzenta, como se estivesse massageando com os dedos a parte mais tenra de minha mente, como se dissesse que isso é o que um ser humano deveria sentir. É para isso que existimos: para observar a beleza da luz ocupar a tela da Terra, para fazer o pó se tornar vida; como poeira encantada, criando árvores, e cactos e seres humanos a partir da mágica de sua propulsão. Isso agora faz com que eu me impressione com quão facilmente o cérebro pode ser enganado sobre o que deveria sentir, quão facilmente o cérebro pode ser enganado por alguém que tem um carro usado para vender, um novo perfume, sei lá.
"Você sentirá o que deveria sentir se comprar o que estou vendendo". Mas será que aquilo que eu e você deveríamos sentir, o que eu e você deveríamos ser, não custa nada? Paul parece pensar assim – ou, pelo menos, ele se comporta como se isso fosse verdade. Ele não quer ficar num quarto de hotel e saber das notícias. Não quer folhear as páginas de esporte para ter a certeza de que o time pelo qual torce está indo bem. Não acho que ele esteja querendo vencer nada. Acho que só está tentando sentir o que um ser humano deve sentir quando pára de acreditar em mentiras. E, talvez, quando uma pessoa deixa de aceitar as mentiras, quando um ser humano pára tempo suficiente para perceber que as coisas nas quais tentam fazer com que gastemos nosso dinheiro frequentemente não são verdade, podemos finalmente ver o nascer do sol, sentir a umidade da brisa do Golfo, ficar de pé maravilhado diante da tempestade impressionate proporcionada por um queda d’água de 6 mil metros e 16 quilômetros quadrados, se maravilhar com a física de um pato nadando sobre a superfície de um lago, desfrutar o reflexo do sol na superfície da lua e saber que é isso que preciso fazer, isso é o que sou, que a vida me está sendo dada como um presente, que a luz é uma metáfora e Deus está fazendo essas coisas para nos impressionar.

Mais um trecho do livro "Through painted deserts: light, God, and beauty on the open road".

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sobre amor e amizade (Lígia)

- Qual era o nome dela?
- Michael Ann. Eu conheci ela na escola, e nós namoramos com intervalos durante todo o curso secundário. Ela é uma garota legal, sabe, verdadeira, não sei, sociável, sei lá. Nós nos divertimos. Costumávamos passear até a cabeceira do Jack Creek e pescar até o nascer do sol. É uma garota que você pode levar para pescar, entende?
A última afirmação me diz um tanto sobre Paul quanto sobre Michael Ann. Ouvi dizer que há dois tipos de homem no mundo: um que está procurando uma mulher para completar sua vida, e outro está procurando uma mulher para sua vida completa. Não acho que um seja melhor que o outro, mas Paul definitivamente é o segundo tipo.
- Descreva a mulher perfeita.
Paul suspira e fica em silêncio alguns segundos.
- É uma pergunta difícil. Acho que saberei quando encontrar.
- Mas você tem uma ideia geral. Como ela é? Como ela se comporta?
- Tudo bem, agora sim. Ela tem um grande sorriso, certo? – ele diz, fazendo gestos no ar enquanto fala, enfatizando a importância dos lábios. – Ela não precisa parecer uma modelo, magra e cheia de rebolado, sabe, mas preciso me sentir atraído por ela. Isso é certo. Ela deve gostar de esporte e de passeios ao ar livre. Quero acampar muito, então ela precisa ficar bem se precisar passar um mês sem um banho de chuveiro.
- Um mês?
- Um mês. Sabe aquele tipo, Don, aquela garota que nunca usa maquiagem e pode pular em um riacho, esse tipo de coisa?
- Bom que nós saímos do Texas – digo.
- É isso aí. Aquelas garotas parecem bonecas de porcelana. Você tenta abraçá-las e fica com medo de que elas quebrem.
- Também quero viajar, então ela precisa querer viver na estrada. Eu gostaria de percorrer a Europa algum dia, ficar em albergues, sem saber o que comer no dia seguinte, esse tipo de coisa. E quando nós caçarmos, ela precisa ajudar a carregar o cervo de volta para o carro.
- Acho que estou procurando o mesmo que todo mundo. Quero uma companheira, sabe? Apenas alguém com quem partilhar a vida. Quero que ela seja minha maior fã, e também quero ser o maior fã dela. Eu quero criar filhos em uma casa onde eles saibam que os pais se amam e os amam. Acho que é isso que eu quero.


Trecho do livro "Through painted deserts: light, God, and beauty on the open road".

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De meia no sofá (Dani)

A gente sente solidão. Acorda sentindo solidão quando toma banho, quando tem que pagar contas chatas e comer comidas saudáveis. Solidão quando liga a teve depois de um dia cheio e não tem nada de bom passando mas mesmo assim a gente ve porque assim "descansa o cérebro". Isso é solidão.

E se torna cada vez mais difícil de verbalizar, de transformar em gestos toda a carência de vida que dá dentro da gente. Quem conversa tomando vinho falando da vida sentado de meia no sofá não reclama que o cérebro está cansado.

E cada um gasta seu tempo com seus desvios e atalhos pra solidão ser mais justificada. Eu passaria a noite aqui, sendo sozinha e sem coragem de pedir um abraço. E iria dormir quando meu cérebro já não funcionasse mais e me desse preguiça de por o pijama, de tanta solidão e falta de carinho no mundo.

Quando de repente a solidão cala sua boca e deixa todo o seu grito passeando desesperado por dentro de você. Pedir um abraço e todo o amor do mundo parece idiota. Mas era isso que eu queria, todo o amor do mundo daqueles jeitos bem bregas. Traz um café da manhã na cama e depois vai ali no canto e fica me olhando enquanto sorri daquele jeito de canto de boca com os olhos brilhando. E me dá de volta toda a vida que a vida me arranca todo dia de manhã. Me abraça, me esmaga e me mostra que nossa vida tem aquele brilho e aquela força que faz as pessoas levantarem felizes e tomarem cafe da manhã sonhando.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

City and Colour and me (Lígia)


"The stars are aligned, but they don't align for us. Excuse me for I am the ocean, and I will starve for you. Will you know how to stay brave? Such fragile moments we share. You are my everything, even with nothing to say".

terça-feira, 27 de julho de 2010

Pra tirar do peito (Lígia)

Ontem acordei muito feliz, apesar de tudo! O fim de semana foi intenso, com muitos sentimentos e pensamentos misturados! Não saber o que se deve sentir, o que se deve pensar e como se deve agir! É muito mais fácil agora perceber tudo, mas na hora, no cansaço, no sufoco, dentro daquele terreno de 5x5m que sugava a energia, foi difícil pensar claramente! Realmente as famílias que mais precisam são as mais difíceis de ajudar. Uma das coisas mais fodas do teto é a relação e o elo que se cria entre a família e a equipe, isso é o que faz tudo ter sentido, é a razão de tanto suor, de tanta força de tanta energia, de tanta felicidade e de tanto amor.
É você, em 2 ou 3 ou 5 dias se identificar com pessoas que no seu dia-a-dia passam despercebidas, é você querer muito que elas tenham de verdade uma chance, que elas consigam viver melhor, com um pouco mais de dignidade, é devolver a auto estima para aquelas pessoas tão sofridas. E o discurso do Mau no envio do sábado só reforçou isso! Como nós precisamos olhar pras pessoas e simplesmente enxergar o humano que está lá, o nosso semelhante, independente do sistema, ver a pessoa, a essência humana que ali existe, e compartilhar amor com aquela pessoa. Eu saí da escola com a maior certeza do mundo no trabalho do teto! E quando eu entrei naquele terreno, com pilotis tão difíceis por causa da água que teimava em aparecer, eu simplesmente não consegui manter essa força, esse amor. O cheiro de álcool, as frases sem sentido, e ele não conseguir lembrar de jeito nenhum o nome dos voluntários da equipe deixavam tudo mais escuro. A equipe tava cansada, alguns tinham problemas reais que dificultavam ainda mais a relação com a família, tava todo mundo abalado emocionalmente. E mais do que isso, era uma coisa de energia mesmo, você entrava ali e alguma coisa te colocava pra baixo, na hora! Era difícil trabalhar, era difícil manter a alegria, a calma, era difícil respirar! E como aquela era a equipe mais atrasada das casas que eu tava tomando conta eu fiquei lá dentro quase o tempo todo.
E aquilo foi me consumindo, consumindo e era muito difícil! Fiquei com dúvidas do trabalho do teto, se porque tínhamos que construir 100 casas nós tínhamos designado sem cuidado, com pressa, com pressão! Nunca eu tinha me sentido assim com uma família numa construção, nunca! E uma coisa que eu percebi muito foi que eu só tinha construído 1 casa para uma família que tivesse um homem, todas as outras foram para mulheres, batalhadoras, sozinhas, com filhos pra cuidar, Cidora, Maria, Dona Hilda e Dona Edileuza, mulheres incríveis, mulheres fortes. Só tinha construído para o Patrício e pra Marines, só que o Patrício tem 26 anos e a Marines 18, eles podiam ser meus amigos, foi muito mais fácil de me identificar com eles, sem contar a força absurda do Patrício, a garra, a vontade, tudo que me fez admirar tanto aquele homem.
E de repente vem o Mineiro, um homem de mais de 40 anos e alcoólatra, e a Cibele com 40, muito submissa a ele. E eu percebi que talvez eu tenha dificuldade de lidar com essa coisa do homem autoritário, grosso, e o jeito que eu tava conseguindo lidar com aquilo foi batendo de frente, mandando, "colocando o pau na mesa", porque eu não consegui contornar ele de outra maneira, e eu percebi que eu fui excluindo ele da construção da própria casa. Foi uma dificuldade minha, que pensando agora faz muito sentido. Eu tenho muita dificuldade de lidar com essa relação que ainda existe no mundo, do homem ser O homem, e a mulher simplesmente não ter forças pra se separar dele. Como a Cibele consegue aguentar? Talvez ela não tenha nada, talvez esse seja o único jeito de sobreviver. Sozinha ela não conseguiria, então eles se juntam pra tentar viver mais um dia. É muito foda aceitar que isso existe!
Conversando com a Chu no gtalk e com a Dani Marques no almoço do trabalho eu tentei buscar uma opinião externa pra me ajudar a esclarecer o que eu deveria sentir com relação a essa família. E eu cheguei à conclusão de que não, não vão existir só famílias incríveis e pessoas maravilhosas no nosso caminho, como em qualquer lugar do mundo, e que essas famílias, mais desestruturadas, mais complicadas são as que mais precisam da nossa ajuda, do nosso amor, da nossa energia, da nossa força, da nossa atenção e do nosso carinho. São as que mais precisam da auto estima de volta, da possibilidade de esperança de novo, daquele brilho que a casa pode trazer de volta. E por mais difícil que seja é a hora de sermos o elo mais forte, de conseguir passar ainda mais amor e mais esperança! São pra essas famílias que a casa pode ser a maior mudança, que pode devolver alguma coisa perdida há tanto tempo! Na hora é difícil, são tantos sentimentos misturados, mas agora eu percebo o aprendizado maravilhoso que eu vivi nesse final de semana, e como eu tenho que me fortalecer ainda mais para poder ajudar quem mais precisa. Não é porque o cara é alcoólatra que ele não merece um lugar digno pra viver. Não dá pra julgar uma pessoa que trabalha sei lá eu quantas horas por dia, pega milhões de condução todo dia e volta para uma casa tão ruim, com goteira, com umidade, pequena, sem saneamento básico e sem tantas outras coisas necessárias para uma casa ser chamada de lar.
Eu quero muito voltar pro Santa Maria, pra pintar aquelas casas, e principalmente pra olhar nos olhos da Cibele, do Mineiro, do Alex e do David, e passar todo amor e carinho que eu não consegui nesse final de semana. Passar confiança, passar esperança, mostrar que eu enxergo eles, que eles existem, que são pessoas, semelhantes a mim.

sábado, 24 de julho de 2010

Hallelujah (Dani)

Quando li a entrevista, mais que sentir agonia por estar no centro da discussão e pressão para fazer alguma coisa, o que mais me alegrou foi a sensação de não saber nada e por isso fazer perguntas idiotas que podem dar soluções interessantes.

Olhos de criança. Seja para descobrir uma canção, encontrar um novo amigo no meio da madrugada que te dá forças e não finge que não existe medo, seja para ver um desenho de flor sendo feito, seja pra chamar a namorada por apelidos carinhosos em um blog, perguntar sobre salsas picantes. E também serve pra descobrir coisas novas em arquitetura, de quebra.

Crianças não tem medo e não tem vergonha de perguntar. E creio que sempre tem tanto a perguntar justamente por isso. Descobrir, descobrir, descobrir. Acho que esse é meu verbo, afinal de contas.

Seja lá o que for, descobrir é o essencial. Descobrir as pessoas, as cores, os materiais, a história, a construção, o novo projetar, os lugares, os sentimentos, sabores, emoções novas, músicas, abraços e beijos diferentes, todo um universo dentro de cada coisinha. Sim, usei um diminutivo porque me encantou o jeito que o menino falava da sua namorada... =)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"He was a gay stripper" (Lígia)

Ontem fui dormir com uma sensação esquisita, ir no envio e não sair de lá em direção a um dos ônibus da Haddock Lobo foi muito estranho. Acordei várias vezes à noite, acordei suando, aquele desconforto absurdo e quando tocou o despertador eu não consegui acreditar! Eu não tenho dormido tarde, mas eu to acordando tantas vezes no meio da noite, com um sono agitado e sonhos bizarros sobre raspadinhas de melancia que me fazem acordar naquele semi desespero de "nãoo acrediiiito que já tenho que levantar" e eu quase nunca tenho problemas pra acordar, quase sempre acordo fácil e bem!
Bom, levantei e fui pro banho, isso já ajuda um pouco, vai entender, mas acabo ficando mais bem humorada conforme vai rolando o banho, olhei pela janela, não é que tá calor mesmo, caramba! Vai dar pra colocar uma blusa de manga e um casaquinho super leve, que sol bonito.
Chegando no metro, peguei o ipod e pensei, hummm o que ouvir? Tá admito que ter visto a Julia ontem e conversado com ela, o que obviamente acabou em conversar sobre Beatles me fez rolar a barrinha pro T (sim, meu ipod é bizarro e conta o artigo como letra!). Quando eu percebi eu tava cantando, chacoalhando meu corpo e rindo feliz da vida! Hahahahaha E não dá pra explicar o que Beatles faz comigo, mas eu fico tão feliz quando escuto, como mais nada me deixa. Tem dias que eu preciso ouvir certas coisas e to na vibe de outras bandas, mas é incrível, começou a tocar Paperback Writer e eu já começo a rir com "It's a dirty story of a dirty man and his clinging wife doesn't understand" hahahaha adoro essa frase, e com o "Frère Jaques" de fundo bizarro que a gente descobriu enquanto tocava o Rock Band dos Beatles. E daí é uma felicidade que não tem volta, eu já vou procurando as músicas mais felizes e aquilo vai crescendo, crescendo e crescendo!

"The Magical Mystery Tour Is hoping to take you away. Hoping to take you awaaaaaaaaay"

Eu sei que às vezes eu posso cansar, como os outros Beatlesmaníacos, mas é uma coisa tão foda de explicar, que é muito legal conseguir compartilhar isso com alguém que entende. E terminar a minha festa de aniversário numa rodinha de violão cantando Beatles com o Alex, o Pedro, o Rô, a Julia, o Guga e o meu Pai explica muita coisa, muito mais do que se eu escrever um texto de mil páginas aqui!

"I'm painting my room in a colourful way, and when my mind is wandering…there I will gooooo, hey hey hey"

Lembro de um dia que fui pra FAU ouvindo Beatles e quando cheguei o Heitor perguntou "Caramba, que bom humor é esse? Olha esse sorriso!" e eu falei "É que eu vim ouvindo Beatles!", e ele "Então faz isso sempre, porque você tá com a cara muito boa!" hahahaha! E eu percebi que eu fico até mais gentil no trânsito se eu tô ouvindo algum cd dos Beatles enquanto dirijo, eu dou muito mais passagem! É bizarro e engraçado, mas é verdade, as músicas exalam amor e compreensão, e quando você vê, já foi dominado por esse sentimento bom!

"Lovely Rita, meter maid, may I inquire discreetly, when are you free to take some tea with meeeee"

Beatles é universal e atemporal! As mesmas músicas que fizeram meus pais se emocionarem, se apaixonarem, viver coisas incríveis, dividir sentimento entre amigos e amores, as mesmas músicas, fazem, hoje, 40 anos depois, eu me sentir do mesmo jeito, me emocionar, me apaixonar, dividir com meu amigos e com o meu amor, e me fazem feliz, me fazem tão feliz que me fazem uma pessoa melhor! Eu falo deles, de cada um, como se conhecesse eles, porque eu compartilho tantos sentimentos, tantas verdades, acredito no que eles dizem, na mensagem que eles quiseram passar (e ainda passam) pro mundo, que é como se nós fizéssemos parte de uma coisa maior.
E eu sei que todo fã dos Beatles se sente assim, parte de um todo.

"And in the end, the love you take is equal to the love you make"

sábado, 17 de julho de 2010

4 meses é realmente pouco! (Dani)

Quando a gente conversava por email você me parecia tão formal! Pensava que era alguém, sei lá, do alto dos seus 30 anos, me "saludando cordialmente". E eu estava tão preocupada com a viagem, e em ter um lugar pra ficar, que não me importei muito.
Quando cheguei no Chile te odiei meio de cara, como assim você não foi no aeroporto e eu fiquei sozinha às três da manhã num país onde eu nem sabia o idioma??? No dia seguinte descansei, arrumei minhas coisas e saí pra te conhecer. E aí de repente o senhor era um cara gente boa com a voz grossa e que falava devagar comigo, pra que eu entendesse.

Eu lembro que nesse dia eu sentei do seu lado na casa da Marisol porque você era o único que falava mais devagar comigo, poxa! Espanhol e português NÃO são o mesmo idioma! Senti uma simpatia, algo mais como uma confiança. Durante a semana a gente se encontrou algumas vezes, até que um dia você me levou pra tomar cerveja e eu tava tentando aprender a falar e a gente se confundiu com a palavra rato e ficou um clima meio estranho, demos risada e ok... E quando você me levou até em casa, quando me mostrou a oficina, quando preparamos macarrão e eu soube dos conselhos do seu pai, tudo ficou meio estranho.

Até a hora que você apareceu na cozinha com um presente pra mim, tão coqueto, uma pulseira da Colômbia e eu te mandei uma mensagem pra agradecer. E seis dias depois da minha chegada, enquanto a gente dançava forró, você resolveu me dizer todas as coisas que passavam na sua cabeça e foi tão atordoante que eu precisava de uma cerveja. Porque ninguém nunca tinha sido tão franco e dito com todas as letras o que queria dizer, porque afinal de contas se pode morrer amanhã. E ninguém nunca tinha me dito isso em seis dias!

E no dia seguinte naquela salsa naquele lugar horrível com mulheres gigantes e feias você era a única pessoa com quem eu queria dançar, a única com quem eu queria conversar e ao mesmo tempo tinha tanta vergonha. E ah, tá bom, foi um beijo, não vou casar com ele, relaxa.

E seu beijo não foi só seu beijo, é também o conjunto de conversas mais interessantes, de momentos mais divertidos, de lágrimas nos olhos quando penso que vou embora, de nomes broxantes só pra me irritar, de manhãs preguiçosas falando de nada, de acordar os meninos com as minhas gargalhadas, de idas ao mercado cantado e dançando, de construções onde você dorme segurando a minha mão e eu tentei soltar pra ir no banheiro e você só soltou quando acordou, de bebedeiras absurdas tomando rum, de conversas sem sentido no gtalk, o seu beijo de manhã quando sai pra trabalhar e eu tô dormindo, as confusões entre português e espanhol que a gente faz quando conversa.

Quando eu cheguei aqui eu não pensava em estar com ninguém, como assim você não está mais solteira??? Eu queria estudar, ver arquitetura e trabalhar no teto. Queria voltar na semana dos aniversários. Quando você me escrever seu primeiro "hola como estas" eu não sabia que isso ia chegar aqui.

E depois de quatro meses, não me importa se vou pro Brasil, não me importa se tenho duas semanas aqui, "mas as bodas de diamante passaram pelos 4 meses", não me importa nada disso, quatro meses é tão pouco!

Ai caramba (Dani)

Digamos que minha falta de inspiração nunca foi tanta, mas ok. Me sinto bloqueada faz umas longas semanas já e sinto que quanto menos escrevo, menos vontade tenho de escrever e isso nunca tinha me acontecido. Então como um esforço de vida, considerando o fato de que não saí hoje e estou sozinha em casa, vamos lá.

Faltam duas semanas pra voltar pra casa! Parece meio estranho, vai ser absurdamente estranho ligar meu celular quando chegar em São Paulo e ser meu cinzinha com toque de reguero de sempre e não meu trambolhinho vermelho que tenho aqui... Estranho não ter mais janelas/varandas com vistas amplas e bonitas, não ter mais folhas canadenses amareladas pelo inverno.

Me sinto num stand-by esses ultimos dias, desde que começaram as férias da faculdade. De repente muitas coisas aconteceram no Brasil, e minha realidade, minhas pessoas me chamam... E que faço com as minhas pessoas daqui? Não quero muito pensar nisso.

Eu escrevi uma vez aqui que queria tirar um semestre pra mim, queria vir pro Chile. Me sinto com um check, missão cumprida. Pensei muito, conheci muitas coisas, pessoas e tudo. Defini algumas coisas, me desapeguei de muitas. Aprendi a cozinhar UM POUCO, mas falta muito pros hábitos saudáveis que eu me planejei. Descobri a minha não vocação pro frio, que me faz querer estar todo o tempo debaixo de vinte cobertores.

Não sei até que ponto tudo isso me mudou e quanto isso vai me afetar quando chegar em casa... E não sei mais o que posso chamar de casa, me sinto meio homeless, querendo um lugar pra chamar de meu. Mas bate uma expectativa, uma ansiedade e uma sensação de que tenho muito pra fazer lá, na minha "vida real". Me sinto como uma atriz nos bastidores, sinto esses últimos dias como um grande suspiro antes de entrar.

E aí penso no tanto que fiz aqui, no tanto que aprendi e quero muito compartilhar isso com todo mundo. Não sei como ainda, mas tem tempo... Quero saber quem sou eu no meio de tudo isso, depois de tudo isso.

Aleatório assim mesmo.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mumford & Sons – Awake My Soul (Lígia)


"Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria. Isso, pra mim, é viver"


Li isso no perfil de uma amiga muito querida e me encantei na mesma hora!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Por um sexo bonito (Dani)


Ok, há semanas e semanas me sinto sem inspiração nenhuma para escrever, bloqueada pelo fato de que parece que não tenho nada pra falar. Isso é ridículo, mas é assim e não vou fazer drama! Acontece!
Encontrei uma figura hoje que me pareceu muito linda, mas que talvez seja "fora dos padrões". E aqui fica meu desejo de que sexo seja visto como algo bonito, como parte de amor, de expressão física ou de qualquer coisa menos essa associação com pornografia, com coisas sujas e escondidas... Uma belezinha!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Stereomood: romantic playlist (Lígia)

Estou com aquela sensação de novo, a velha sensação, de me sentir desorganizada.
Daí eu passo pela minha agenda, vejo se estou esquecendo alguma coisa, repenso todas as matérias da FAU pra ver se elas estão organizadas, penso no trabalho, se estou deixando alguma coisa passar, penso nos meus planos, se estou perdendo alguma coisa pelo caminho nessa correria do dia a dia.
Essa sensação me incomoda, mas também, sei lá, às vezes penso se não estou vivendo a vida como um grande check list de coisas a fazer. Será que não devemos nos perder um pouco? Nos sentir um pouco soltos?
Deve ser bom fazer intercâmbio também nesse sentido, porque você está vivendo, porém se permitindo sair desse estado de inércia, de rotina, de agenda. Como será que conseguimos equilibrar esse sentimento? Sem se sentir perdido? Sem achar que não estamos no ritmo do mundo? Sem sentir que estamos ficando pra trás? Sabe? Poder simplesmente relaxar.
Acho que é o final de semestre, mas aquilo que falei pra Dani e pra Kat é muito real, sinto que cada vez mais eu não terei mais momentos sem coisas na minha cabeça. Responsabilidades que são minhas, que não saem da minha cabeça às 18h.
Como combinar isso com se permitir levar bolo azul e verde na cara? Ou tomar uma cerveja às 13h de uma terça feira? Sem pensar que se você chegar em casa bêbado vai ser muito ruim pra acordar pra trabalhar no dia seguinte, sem contar o dia inteiro que seria "perdido".
Como se permitir se perder um pouco? No dia a dia? Se perder da rotina?
Acho que ainda é muito estranho não ter a tarde livre, e ainda mais estranho, achar que é estranho ter uma tarde livre. Foi tão bizarro quando percebi que eu e o Luis só poderíamos viajar juntos depois da festa FAU no último final de semana de julho! Quando foi que isso aconteceu? Como conciliar a vida, os projetos, os trabalhos com poder sumir com quem se ama por um tempo? Eu realmente acho isso imprescindível! Ter um tempo pra mim!
E como eu sei quando é o limite? O quanto eu to me dedicando e me envolvendo de verdade com as coisas, ou o quanto eu coloco um tempo pra mim na frente das coisas? Qual é o equilíbrio disso?
Será que é por isso que sempre estamos querendo viajar? Porque não conseguimos equilibrar isso nas nossas vidas? E então sair da rotina é a única maneira de se deixar levar um pouco pela vida?

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Carta (Lígia)

Olá meu bem, como você está?
Tá tudo bem? Estou te achando diferente, foi a rotina que te tragou novamente?
Foi a bolha que te puxou pra dentro?
O que está te fazendo sentir aquele incômodo antes de dormir?
É o trabalho que está te cansando? São os amigos que você não tem tempo de encontrar? São as coisas que você não consegue conciliar? É a sua falta de compromisso com certas coisas? É achar que nunca se faz o suficiente? É aquela sua dúvida se você se dedica o quanto acha que deveria a tudo que faz?
Mas ontem você estava tão feliz, foi tomar banho, limpou o rosto e dormiu tranqüilo! Estava tão bem!
Foi o recado que você viu hoje de manhã? Foi ele, né? Que fez você sentir isso! Foi você não ter se comprometido, não foi? Foi você não ter tido aquele "start" de ir atrás, é sempre isso, é sempre o start, de correr atrás, de fazer acontecer! É a inércia! E o pior é que essa palavra te faz lembrar todos os sentimentos incríveis que você teve no domingo não faz? Todas as coisas boas de você se sentir com olhos abertos, da energia de ter pessoas incríveis ao seu lado, e caramba, não é que ela existe dentro de você também! E a comparação então? Putz, essa é foda! Quando chegou o e-mail, ver tudo aquilo escrito, bateu meio fundo né? "Porque não posso me sentir assim também, me envolver assim também", caramba isso já te atormenta a um tempo, né? E os blogs que você entrou? Ver as pessoas fazendo coisas, se envolvendo, achei que isso tinha parado de te incomodar...o que aconteceu então? Te incomodou de novo hoje, porque?
Será que era porque você já não tava muito bem, meu bem?
Será que é por causa daquele rapaz? Acho que não, não deve ser né? Mas é difícil quando o mundo não está na sua sintonia, e convenhamos que você ficou um tanto mal acostumado com isso!
Eita, quanta coisa pra colocar no lugar!
Esses dias que acordamos do avesso são ruins de encarar!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Hoje eu nao fiz 24 anos (Dani)

Nao, nao vou falar de Alice e de nao aniversarios. É que li o texto da minha amiga Juliana Allonso e fiquei com vontade de escrever.

Eu tambem tenho uma quantidade de tempo livre aqui no Chile que beira o absurdo. Aproveito para ver coisas, conhecer lugares, mas acima de tudo pensar na vida. Penso e penso e penso na mulher que eu estou me tornando, na mulher que eu quero ser, que planos eu tenho pro meu futuro? MUITOS. Mas nenhum deles meio certo, quero fazer um desenho assim de aquarela, que nao seja muito definido mas que se veja bem onde quer chegar.

A coisa mais marcante pra mim nessa viagem (e olha que tenho pouco tempo) é a chance que eu mesma me dei de deixar minha alma ser de artista. Nao, nao sou nenhum Van Gogh, nao sou nenhuma Lina, mas eu posso ter sim a alma inquieta daqueles que sao sempre curiosos.

Agora sinto que me permito mais experimentar e errar se for o caso. Ver o diferente, aprender mais, buscar mais.Me dar ao luxo de mesclar cores, cheiros, testar. Comprar telas, fotografar e tentar que seja artistico e nao só registro.

Deixar a artista fluir aqui dentro, dançar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Quem tá feliz levanta a mão!" ou Ensinamentos do Gonzo (Lígia)


foto: Julia Paccola

Acordei e lembrei de você!
Tá, pode ser que eu acordei feliz e rindo porque eu fui dormir absurdamente cedo, mas quando eu olhei pela varanda e o dia tava cinza e chuvoso, daqueles que te fazem querer voltar pra cama correndo, e tudo que eu consegui pensar foi "que dia lindo!" e rir muito logo depois, não teve como não pensar em você!
Caramba, como um final de semana pode fazer você sentir tanta coisa, mudar e transformar coisas dentro de você.
Quando a gente acordava na maior neblina e frio e você olhava e dizia, "que dia lindo, que sol maravilhoso", e fazia todo mundo cair na gargalhada!
"Você acorda, tá chovendo, você precisa ir trabalhar e não tem dinheiro nem pro busão, respira fundo, dá um sorriso e diz: QUE DIA LINDO! COMO EU TÔ FELIZ!".
E pode até ser que o seu mundo seja diferente, e que você realmente veja tudo em neon, mas isso não te coloca numa bolha, não te impede de ver a realidade, não deturpa a verdade de maneira nenhuma! Eu conheço pouquissimas pessoas tão conscientes do mundo como você, e mesmo assim, toda essa energia impressionante!
Obrigada por me fazer lembrar e me ensinar tanta coisa em apenas 2 dias!
Caramba, eu tô muito muito feliz! hahahahahahahaha!

sábado, 15 de maio de 2010

We Never Change (Dani)

Meus amigos estão espalhados pelo mundo. Com sotaques diferentes, em línguas diferentes, em continentes e com oceanos diferentes. Uns estão na primavera, outros no outono e eu de tanto frio me sinto em pleno inverno. Uns estão curtindo festas e outros curtindo romances.
Mas estamos todos juntos, sinto isso a cada dia. Somos parceiros, somos brothers seja onde seja, seja como seja. E ter essa certeza de amigos, de pessoas que me conhecem e me ensinaram muito sobre confiança e respeito, me dá toda a tranquilidade que eu preciso pra viajar e morar em qualquer parte.
Aqui, longe, sinto vocês mais perto que nunca.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Rush Of Blood To The Head (Lígia)


Conversando com meu irmão no carro hoje de manhã cheguei a conclusão de que queria mesmo 1 semana em "stand by", dar um pause na vida agora, viver 7 dias, e no dia seguinte ser 12/05/2010.
Tudo porque essa vida acontece rápido demais, e fazer muita coisa às vezes atropela os sentimentos, ter 7 dias para simplesmente poder sentir.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Assistindo Grey's ontem... (Dani)

"We assume the really serious changes in our lives happen slowly, over time. But it’s not true. The big stuff happens in an instant. Becoming an adult, becoming a parent, becoming a doctor. One minute you’re not, and the next you are. Ask any doctor, and they can point to the one moment they became a physician, and it usually isn’t med school graduation day. Whatever it is, nobody forgets it. Sometimes you don’t even know anything’s changed. You think you ‘re still you and your life is still your life. But you wake up one day and look around and you don’t recognize anything, not anything at all."

Foi um choque. Porque é exatamente como me sinto. Depois de tudo que tá passando aqui, impossível ser a mesma.

Brand New - Soco Amaretto Lime (Lígia)


"You're just jealous cause I'm young and in love, your stomach's filled up but you're starved for conversation, you're spending all your nights growing old in your bed and your tearin up your photos cause you wanna forget...it's over"


Sempre me arrepio quando escuto essa música do Brand New, desde a primeira vez que eu ouvi numa madrugada conversando por horas com o Lu pelo MSN, a sensação que ela me deu eu sinto sempre. A sensação de uma noite com os amigos, de conversar sobre tudo, de filosofar sobre a vida, parece que eu tô sempre "starved for conversation", apesar dessa parte da música não ser bem uma coisa boa! Acho que é disso que eu ando sentindo falta no mundo, acho que foi por isso aquele aperto no peito na quarta passada, quando eu tentei me alimentar de scraps antigos e épocas que eu falava sobre a vida e o futuro e sonhava com isso mais do que nunca. Como disse a Flá, to precisando de luz na cara, estar deitada no sofá da sala dela escutando "yeah, yeah, yeaaaaaaah". Acho que foi isso que me fez querer ver o Felipe, que me fez ter saudade do Esfiha, que me fez ligar pro Mumu domingo à noite. São todos pessoas que me lembram de mim. Conversando com a Kat ontem num ônibus que subia a Augusta acho que eu consegui esclarecer minhas idéias, as coisas já estão mais encaminhadas, e as cartas já estão um pouco dadas na mesa, não é tudo uma grande possibilidade como era no cursinho, claro que eu tenho uma vida pra decidir o que tiver de ser decidido, mas é diferente.
Apesar de ainda não saber o que eu vou fazer na vida, apesar de ainda estar com tantas dúvidas na cabeça, eu preciso da certeza que serei feliz profissionalmente, eu preciso estar satisfeita, preciso alimentar minha alma com a minha profissão. E eu sei que estou nesse caminho, e foi engraçado ouvir o Ari falando que não aguenta mais ir pra FAU, quando, pra mim, agora que eu estou escolhendo as matérias que eu vou fazer eu sinto muita vontade de estar lá, aprendendo, trabalhando, ouvindo, me alimentando. "Adoro estudar, adoro pegar um bom livro na biblioteca e ler", me peguei falando isso pra Flá e pro Fê no domingo, e por causa da iniciação eu tenho 5 horas por semana definidas pra sentar a poupança e ler. Devia ter colocado isso na minha rotina desde o 1º ano.
E sei lá, talvez por isso que eu entendi, mas não concordei com a crise da Dani ontem, nem me preocupei com o que o Rafa falou, eu sei todas as encrencas que existem na FAU, e eu sei que ela está longe de ser perfeita, mas isso já não me preocupa como me preocupava no 2º ano. Tá tudo bem não saber tudo aos 25 anos, quando eu me formar, eu não preciso aprender tudo até lá. O salto qualitativo que eu dei desde que entrei na FAU é absurdo, tudo que eu aprendi sobre cidade, sobre a vida, sobre cidadania, sobre igualdade social e sobre mim, eu não aprenderia em nenhum outro lugar. Mesmo que eu nunca seja arquiteta a FAU foi a melhor faculdade que eu poderia fazer pra minha vida. Eu aprendi a pensar.
E é incrível o quanto as coisas lá tem me alimentado, o quanto gosto de saber cada vez mais. Por isso eu to juntando dinheiro pra viajar, pra aprender mais e mais, daquilo que eu sei que vai me alimentar muito a alma. E é isso que eu tentei dizer pra Flá no domingo, quais são seus planos profissionais, agora, seus desejos. Eu também gosto de ter minha grana, e realmente é um grande porre precisar pedir dinheiro pro seus pais pra comprar um misero chiclete, mas o que vem atrelado a isso? Você pode estar num emprego pela grana, mas o que você vai fazer com ela pra alimentar a sua alma? E de verdade por quanto tempo você vai agüentar? Será que só isso é suficiente? Eu escutei tantos números gigantes dos possíveis salários de um engenheiro recém formado que até assustam, mas não me preocupam.
"A gente era simples e queria mudar o mundo", eu não quero que isso morra nunca em mim, e gostaria muito de tentar te ajudar a não deixar morrer em você.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

For some reason I can't explain (Dani)


Foto de uma construção do UTPMP no Chile


Foto de uma construção do UTPMP no Haiti

Não sei direito o que escrever, tenho tantas coisas na cabeça, tantos acontecimentos que fica difícil por em palavras. Só sei que construir em Pichidegua, um vilarejo nos confins do Chile me fez sentir mais... humana, talvez.

No Brasil é como se eu fosse acostumada a ver favelas, a trabalhar com pobreza, a querer diminuir a situação degradante que vemos na televisão todos os dias. Como se fosse um costume, como se fosse uma obrigação. Porque eu sinto como uma obrigação mesmo.

Mas aqui, não sei... De repente uma catástrofe chega e destrói a vida de pessoas que, sei lá, não estavam preparadas pra aquilo. Famílias que estavam vivendo e de repente se veem obrigadas a mudar tudo, a começar do zero. No Brasil sinto que estamos no zero e só temos a crescer, mas aqui ficou a sensação de não deixar que essas pessoas se sintam menores, se sintam pequenas.

E ao mesmo tempo é sempre o mesmo brilho, sempre a mesma sensação boa de que, mais que uma boa ação, eu conheci pessoas maravilhosas, obtive a permissão de entrar na vida de pessoas tão especiais...Coisas como assar um porco e uma galinha pra agradecer, pegar a bicicleta e ir correndo na mercearia mais próxima pra comprar um refrigerante. Mostrar os vestidos que usam nas festas tradicionais, os chapéus. Tudo isso em outra língua, com sotaques que eu as vezes demoro a entender. Mas com uma linguagem única, onde todos nos entendemos. Sorrimos e cantamos e bailamos.

A Marysol me disse ontem que está aproveitando sua viagem para se conhecer melhor, para crescer. E sei que estou aqui há duas semanas, não é nada, mas já me sinto mais segura, mais independete, mais...humana. De novo. Enxergando que pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo. E que eu vim aqui pra conhecer pessoas, pra me deixar influenciar por elas, pra conhecer novos sabores e cheiros e sons. Isso aqui já é minha vida.

E vou construir de novo esse feriado. Dessa vez em San Rafael, um lugar um pouco mais afetado pelo terremoto. Conhecer mais pessoas, me deixar inundar um pouco mais por essa sensação de ser parte de um todo, em qualquer lugar.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Live, Laugh, Love and Sleep later (Lígia)

"I want to live life, and always be true,
And I want to live life, and be good to you.
And I want to fly, and never come down,
And live my life, and have friends around".

foto:Jocelyn Catterson

Eu tô realmente com vontade de juntar os amigos, é uma pena que no fim das contas muita gente não vai pra Cunha. Queria que todo mundo que tá por esse mundão a fora pudesse por 4 dias se teletransportar pro sítio. Queria dias em cachoeiras e noites frias entre barracas, fogueiras e um violão. Queria beber cerveja boa o dia todo e rir de todas as mesmas besteiras de sempre. Queria que toda galera conhecesse meu pai, e que a noite da Toga realmente rolasse, porque eu sei que o meu pai e a Lilian com certeza estariam lá com um lençol branco e um vinho na mão! Queria ir pro lugar mais alto do terreno, como meu pai chama o "cucuruto", e ficar observando as estrelas enrolados em mantas. Sei lá, agora é só isso que eu to precisando, viver tranquilamente e ter meus amigos em volta.
Noites tranquilas com música, fogueira, cerveja e conversas entre amigos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A cidade e as pessoas (Dani)

Estou há uma semana no Chile e confesso que estou amando! haha Estou tendo vários probleminhas com a língua, mas nada que não se ajeite e que eu não aprenda.

Mas o que eu mais gosto de fazer aqui é estar em casa, tocar meu telefone, eu descer o elevador e ter todos os meus amigos morando perto. Estão todos a quadras de distância, e não a quilometros como no meu querido e idolatrado Brasil.

É muito mais fácil combinar uma cerveja, um almoço, uma passada casual na casa de alguém querido quando essa pessoa está a cinco minutos de você.
E comecei a sentir algo muito óbvio, que eu como arquiteta já sabia, mas não havia sentido. É muito mais fácil conhecer alguém de verdade, ter relacionamento de qualquer tipo, se as pessoas estão perto umas das outras. E quando digo perto não digo a um email de distância, mas a um telefonema de distância. Não para se verem por internet ou falarem por meios virtuais, mas para sentar-se em uma mesa olhando no olhos.

Uma horinha depois do trabalho não mata ninguém, e fortalece qualquer relação. E tudo isso se facilita se a cidade tem uma organização básica que permita esse convívio. Se você sabe que vai demorar duas horas pra chegar num bar e encontrar seus amigos, pode ser que você não vá. Eu muitas vezes não vou.

E é muito boa a sensação de ligar pro teu amigo e dizer: tô passando aí. Isso só acontece se você mora no mesmo prédio...

Enfim, queria voltar pra São Paulo e reformar tudo, mas acho que todos que viajam querem o mesmo...

quinta-feira, 18 de março de 2010

People are islands to be discovered (Lígia)

Ouvindo Coldplay sem parar meus dias vão correndo, adoro ser surpreendida por frases incríveis, principalmente se vindas da voz do Chris Martin. Simplesmente adoro a voz dele, pode até ter a ver com coisas mais profundas do meu inconsciente, pode ser apenas o tom da voz dele que me faz bem, simples assim.
Os dias tão acordando num tom azul esverdeado pra mim. Me sinto como nunca me senti antes mas não consigo colocar em teorias e explicações racionais, caramba, não consigo nem colocar em palavras vazias.
Me sinto dentro de mim, mas não da maneira como me senti ano passado, não estou fechada em mim, simplesmente estou ocupando cada pedaço do meu corpo. Me sinto grande, mas não como se fosse maior que ninguém, me sinto bonita, mas não através dessa noção de beleza que existe, me sinto madura, mas não como se soubesse mais que os outros, me sinto em paz, mas não como se não tivesse problemas ou dúvidas.
Está tudo bem. Não no sentido de que não tem nada de errado. Está tudo bem no sentido de que está tudo bem ter problemas. Eu tenho dúvidas, eu tenho angústias, mas elas não me derrubam, elas não são um foco de desespero, elas existem e está tudo bem elas existirem, eu sei que tenho que lidar com elas e eu estou lidando. Eu olho pra vida e não estou me descabelando, a gente constrói as coisas, nunca desejei a perfeição. Não estou com medo.
Sem crises, sem medo, vivendo e encarando. O tempo está a meu favor.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Às vezes dois universos inteiros se encontram (Lígia)


Você é todo um universo. Eu mergulhei completamente no seu universo, me encantei e me apaixonei com toda a curiosidade pela novidade, toda beleza e toda luz dos seus planetas e estrelas diferentes do meu.

Eu sou todo um universo. E te escancarei todos os meus planetas e estrelas, quis te mostrar toda minha beleza e minha luz, e você decidiu entrar, "você escolheu entrar na minha vida e fazer a diferença", lembra?

O que faz a gente estar aqui, agora, exatamente onde estamos, com todas as coisas, sem tirar nem por nada, é entendermos, admirarmos e respeitarmos o universo um do outro.
Com você eu aprendi a amar de verdade, a respeitar e ser honesta, a conseguir ser sua melhor amiga antes de ser sua namorada, podendo ter as conversas mais fodas que eu já tive com um homem. Com você eu aprendi que paixão pode durar. Com você eu aprendi a importância de conversar, e de se mostrar e não esperar que a pessoa simplesmente entenda como você é, eu aprendi a te entender e te respeitar como pessoa, diferente de mim, semelhante a mim. Eu aprendi a ser madura, a entender o que demanda um relacionamento, a entender que com diálogo você evita muita lágrima e confusão. Com você eu aprendi a fazer amor, aprendi como é sentir alguém tão próximo, quase como se fosse uma única pessoa, foi com você que eu tive todas as minhas melhores noites, ou dias, ou tardes a dois. Com você eu aprendi a admirar um homem pelos motivos certos, eu aprendi a amar uma pessoa e não um sentimento. Com você eu aprendi a compartilhar, a me doar, a não ser egoísta. Com você não tem joguinho, não tem como esconder as coisas, o que eu sinto eu te falo, o que eu acho eu te falo, o quanto eu te amo, eu te falo.
Eu fico, até hoje, olhando pra você e admirando todo esse universo. Eu nunca me canso, de simplesmente olhar e pensar tudo que é você. E tudo que somos nós, que nós dois, essas duas crianças, "the coolest kids", construíram. E a gente construiu com certezas, com dúvidas, com erros, com muitos acertos, com intensidade, com leveza, com o coração acelerado e com o coração batendo devagar, com muita conversa e com muito silêncio, com cerveja e com suco de açaí, com música e risada, com uma quantidade astronômica de Mcdonalds, com muito, muito respeito e admiração, e com muito amor e amizade.
Eu te amo hoje mais do que posso realmente explicar. Te amo por tudo, pelas milhares de risadas, pelas milhares de bobeiras, por todas as conversas, por toda honestidade e respeito, por ser meu melhor amigo e por ser assim, tudo que você é, tudo que existe dentro de você, toda sua luz e sua escuridão.
Tudo que te faz ser o Luis, e não qualquer outro homem do planeta.

terça-feira, 9 de março de 2010

Houve um tempo (Lígia)


Pois é, pra mim também houve um tempo. Engraçado que ontem mesmo numa mesa no Monte Sinai a gente tava conversando sobre isso, e como sempre, em 4 anos, as nossas risadas eram as mais altas num raio de 50 metros!
Houve um tempo em que eu não me entendia, houve um tempo em que eu não tinha coragem de olhar pra mim mesma, em que eu usava muitas máscaras e me escondia atrás de muita coisa. Houve uma época que muita raiva, muita paixão, muito sentimento ficava preso dentro de mim, e eu não sabia como explicar, e eu não sabia como controlar, e eu não sabia como mostrar. Houve um tempo que não faz muito tempo, faz 4 anos e parece que faz uma vida toda.
Eis que a partir de um dia de chuva e de 1,68m em comum eu disse “eu te entendo” mais do que eu poderia dizer por uma vida inteira, e eu comecei a compartilhar muito mais do que 1 milhão de risadas e 1 milhão de lágrimas, eu compartilhei todo o meu ser, tudo que eu sou e tenho orgulho e tenho vergonha. Eu compartilhei toda a minha luz e toda a minha escuridão, e recebi em troca compreensão e nenhum julgamento.
Olhando pra ela eu olhei pra mim, a gente se enxergou nos nossos pedaços, nos nossos desesperos, sim, com certeza, a gente se enxergou nos nossos medos, nas nossas angústias, no que de mais feio a gente via na gente. A gente se enxergou na imensa escuridão, quando mais ninguém enxergava nada disso. Mas, além disso, além de todos os choros e crises e problemas, a gente tem essa mania autodestrutiva de ser otimista, e se tem uma coisa que uniu a gente desde o começo é a capacidade de ser positiva e de dar risada da gente mesmo nos momentos mais difíceis. É por isso que ontem você ligou pra mim, é porque o nosso fundo do poço pode ser bem fundo, mas de alguma maneira a gente faz ele mais raso! A gente já esteve lá algumas vezes, mas a gente se recusa a ficar la por muito tempo, e de alguma maneira nessa jornada toda a gente aprendeu a, com as próprias mãos, fazê-lo mais raso.
Por mais que a gente estivesse destruída emocionalmente a gente sempre teve uma sensibilidade inexplicável de não se lamentar e pensar “cara, como a gente ta sendo fraca, isso não é nada perto de tantas outras coisas que realmente importam”. E a gente nunca teve muita paciência pra pessoas que se fazem de vitima. E cara, é por isso que você tá indo pra lá agora, é por isso que eu te falei desde o primeiro momento que eu fiquei sabendo do terremoto “hahahahaha só podia ser com você, se não fosse com você, seria comigo”, porque toda essa preocupação com você é pequena demais pra tudo que você já realizou pra estar lá e tudo que você ainda pode realizar estando lá!
Chu, a gente nunca foi do tipo que quer moleza ou conforto, a gente sempre quis viver no limite, a gente sempre quis mais e mais, a gente nunca se contentou com metade. É por isso que você vai pra lá, porque você sabe onde estão as coisas que realmente valem a pena, o que realmente vale a pena na vida. E o laço que você vai criar com esse lugar e com as pessoas que você vai conhecer lá, é isso que importa, é isso que você carrega depois, tudo que você vai aprender, trocar e oferecer como pessoa e como arquiteta. Eu me lembro tão bem da gente com as nossas mil crises copiando fotos do centro pra entregar 5438 mil desenhos e sabendo, de alguma maneira, que aquilo tava errado, e quando a Loschiavo trouxe aquela mulher pra contar das experiências dela no pós Tsunami na Ásia e no pós-guerra da Bósnia, aquilo fez todo o sentindo do mundo, como a gente se enxergou naquilo!
Agora você tá indo, pra deixar de sonhar e começar a viver tudo que está dentro de você, e que eu enxergo em mim. Pra fazer da vida o melhor que ela pode ser, pra fazer a curva enquanto todos estão andando em linha reta.
Se eu tenho medo? Claro que eu tenho medo, o terremoto foi de 8.8 na escala Richter! HAHAHAHAHAHAHAHAHA Mas Chubis, se você desistisse você não seria você, e se eu te desestimulasse eu não seria eu.
Então vai, e leva todo esse amor, toda essa alegria e essa risada escandalosa cheia de dentes que eles tão precisando. Enquanto isso, a gente se vira por aqui. Te amo.

Chile I (Dani)

domingo, 7 de março de 2010

Houve um tempo (Dani)

Em que eu não conhecia comida japonesa.
Que eu sofria por ter dias mais intensos que qualquer pessoa pode aguentar. Onde eu escrevia textos sofridos tentando jogar fora um pouco da minha alma. Onde eu viajava pra escapar.
Houve um tempo em que eu não era a chu. Era honey, amiga, Dani. E hoje todos me soam impessoais. Um tempo onde eu não fui a Dani-le, talvez fosse a esquila, sei lá.
Onde eu ficava com um pra esquecer outro.
Onde eu corria quando tinha vontade de chorar.
Onde eu acreditava em promessas feitas por aqueles que não olham nos olhos.
Naquele tempo eu pintava o rosto com carvão quando ia pra praia. Sorria com o mesmo sorriso gigante que sorrio hoje, mas ficava triste se não sorria 500 vezes por dia. Naquele tempo eu ainda não precisava trabalhar e não sentia muitas pressões pra ser alguma coisa.
Houve um tempo onde eu acordava e saía correndo pro telefone pra discutir sobre quão errado tinha sido minha sexta-feira.
Onde eu pensei na pessoa errada no lugar mais lindo da Grécia.
Onde eu pensei na pessoa certa no lugar mais lindo da Grécia.
Onde eu conheci pessoas que, se eu fosse uma casa, abririam janelas.

E depois disso houve um tempo em que eu fechei tudo. Janelas, portas, pensamentos, atitudes. Coloquei todos os fatos, um a um, na minha frente, encarando com olhos tímidos de quem fez coisa errada. E arrumei a casa, limpei os móveis, chorei as mágoas, chorei todas as mágoas. Li todos esses textos fodas de escritores fodas que te ajudam a ver as coisas.

E uma hora passou. Foi. Por mais que eu ainda suba em todos os balcões, por mais que eu ainda dê risada 400 vezes por dia, por mais que eu agora trabalhe e meu pai queria que eu me forme logo. Agora eu sou a Chu, a dani-le, a "manca". Agora eu sou inteira, não sou mais pedaços.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Móveis Coloniais de Acaju (Dani)


Eu só queria dizer que eu adoro o fato de não conseguir expressar tudo o que venho sentindo e por isso tenho dançado tanto. Adoro o fato de dançar da forma que me vem a cabeça, fazendo simplesmente o que meu corpo pede e sem pensar nisso.

Só queria dizer que o show foi sensacional. Me acabei na música que aquela cara láááá atrás me mostrou e foi estranho me acabar sem ter pensado nele. É estranha essa minha nova mania de não conseguir tirar o sorriso do rosto enquanto danço.

Só queria dizer que tenho feito muitos amigos momentâneos. Pessoas simpáticas no show, no ônibus, na balada, tem se aproximado de mim. Trocamos conversas, trocamos sorrisos e as vezes eu ganho até uma caroninha esperta até o P1.

Queria dizer também que você ter entrado pela milésima vez na minha vida faz sentido pela milésima vez. Cada beijo teu é uma viagem prum lugar bem bonito onde o tempo para por umas 15 horas.

Se eu fosse uma casa, seria amarela, queria dizer também. E as janelas já estariam naturalmente abertas e seria quase sempre sol. Você pode ser a visita no fim de tarde ensolarado de setembro.

Queria dizer que não consigo ter raiva de você por muito tempo, pai. Que suas piadinhas e nossas conversas toscas no carro são sempre mais fortes que o mal humor que só você consegue me deixar.

Queria dizer tantas coisas que fica tudo meio solto. Aí eu aproveito e danço.

Strawberry Swing (Lígia)



Só pra relembrar o quanto é incrível se apaixonar por pensamentos e conversas.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Push Your Luck (Dani)



Ontem nós, as chubas, e mais vários amigos fomos no show do Kevin Johansen no Sesc Pompeia. Pense num show delícia. Primeiro por estar ali no Sesc feito pela querida Lina Bobardi (arquiteta que fez também o MASP). Debaixo daquelas tesouras que sustentam o telhado, do galpão que guarda toda a sensação de família e de intimidade ao mesmo tempo.

Além disso, o Sesc tem porções lindas de batata frita por 4 reais!!!

Mas o show. Eu já tinha ouvido Kevin Johansen no escritório e também porque ele e o Jorge Drexler são brotherzaços. Mas estar ali vendo o cara cantar foi sensacional! O primeiro de uma sequencia de três shows (vem aí Moveis Coloniais de Acaju na USP, além do Coldplay, claro).

Ele tem uma leveza e um charme pra cantar que faz você curtis muito o show inteiro. Além das piadinhas e das histórias que ele conta. Você sente que ele curte muito o que está fazendo, ele sorri o tempo todo! Quando ele toca xilofone então, surge um sorriso de criança no rosto! Todo mundo estava dançando, muito gostoso! Desafio qualquer um a ouvir "Guacamole" e não balançar os ombros!

Mais músicas que eu adoro (ainda não conheço o suficiente, mas vá lá): "Desde que te perdí", "Oops", "No voy a ser", "Buenos Aires anti-social club", "Daisy" (engraçadissíma), "Go On", "El Círculo" (já tenho planos pra essa antes de ir viajar hohoho)

É isso tchurma!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coisa bonita (Dani)



Essa foto mexe demais comigo!

(weheartit)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

2007/2010 (Dani)

Você disse que eu transmito leveza. Foi bom ouvir, depois de tanto tempo, depois de tanta confusão. Me senti pegando algo frágil e fortalecendo, passando uma camadinha a mais de confiança, de cumplicidade.

O Chile tá perto e te assustou. Eu também me assusto, mas sempre sorrio, afinal quero tanto isso. Esse é o meu plano, essa sou eu. Vejo amigos casando, morando junto, estabelecendo lares, tendo filhos. Desejo mais que tudo a felicidade deles!

Eu sei que estou onde deveria, do jeito que sempre quis. Meus filhos são minhas tatuagens, meu ipod e meu lap. Meus únicos bens, judiera. Minha casa ainda é a casa da vovó. Meu lar tem espaço na casa do meu pai. Eu não sei o que quero da vida, e me orgulho muito de ser assim! Procurando, curiosa. Casar, por enquanto, só com a arquitetura. Acho que nem com ela, ainda estamos nos conhecendo!

Cada viagem é uma vida, uma lição, um mundo pequenino que se mostra. Outras línguas, outros sotaques, outras pessoas, outros modos de ver a vida. Eu gosto disso, gosto de sentir saudade de casa, do arroz e feijão. Gosto de ficar longe e ver sorrisos quando volto. Gosto de conhecer sorrisos quando vou.

E gostei de você hoje. Não porque quero me sentir especial, mas por ter como sempre sido só eu. Sem disfarces. Gostei de não existir um único abraço fingido na nossa história. Gostei de te olhar nos olhos e ir pra casa sem rancores. Gostei de ter chorado e tirado tudo de mim. Gostei de não ser mais a pessoa que te atrasa, mas aquela que dá um tapa na bunda e fala: "vai logo que você está atrasado".

Cheguei na Paulista querendo tomar um vento na cara, cheguei em casa querendo ioga, querendo um pouco de concentração e respiração tranquila. Reverência, calma. Você, no auge da sua leveza, me chamou de leve. Me ofereceu confiança, dar sempre uma chance ao novo, não pôr rótulos. Eu sou uma pessoa nova, você também. Talvez eu te ligue pra falar boa noite. Talvez não. Mesmo que ninguém entenda nada, eu precisava vir aqui escrever.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A cara feia (Dani)

Ela olhou pra mim. Com aquela cara feia, carrancuda. Com aquele olhar cínico, maroto. Com aquela cara de "você não vai conseguir". Eu que sempre voltei sorrindo, voando, flutuando, voltei pesada, amarrada, sofrida.

Não adiantava bar, não adiantava cerveja. Não adiantava amigos, de fora ou de longe. A cara dela não saía de perto de mim. Pela primeira vez foi ruim. Pela primeira vez eu olhei pro que ainda falta, e não pro que já foi. Olhei pro feio e foi tudo ficando ainda mais feio.

Nessa semana eu vi tudo de feio. Todos os comportamentos ruins. E nessa semana eu escrevi que "não quero ver coisas bonitas, eu quero deixar de ver as feias". E era verdade. E pra me livrar disso, acho que me enfiei no mais feio ainda. No terrível. Na cidade destruída. Pelo menos ela é justa, eu ouvi.

Justa ou não, aquela tragédia me deu ar. Porque junto com ela vieram pessoas, sentimentos e sensações. Família. Trabalho. Sentido.

Desde então, a cara feia da pobreza continua tentando. Mas não tem me assustado mais.

2 de fevereiro de azul e branco (Lígia)

Uma flor pra Dani, que sempre me falou de Iemanjá, pra ela que gosta tanto do mar, que é filha dessas suas águas, uma flor, agradeço e peço benção por ela.
Uma flor pro Rafa, pra ele que me contou que eu estaria aqui, em Salvador no dia de Iemanjá, na sua terra, no seu dia, que me fez saber que eu fui abençoada desse jeito, agradeço e peço benção por ele.
Uma flor pra minha mãe, porque sem ela eu jamais estaria aqui, ela que sempre me incentivou a abrir a cabeça e me permitir ser tocada por qualquer fé ou religião, ela que me ensinou a respeitar e ver a beleza de todos os rituais e mitos, ela que me faz ser assim, isso que me faz achar tão bonito e emocionante tudo aquilo que me eleva e me faz entrar em contato comigo mesma. Ela que me ensinou a me emocionar sempre, e ver espiritualidade em tudo, uma flor pra minha mãe, pra Sônia, agradeço e peço benção por ela.
E uma flor pra mim, que fiquei tão feliz quando soube que estaria aqui no seu dia, quando soube que sentiria nessa terra abençoada a força de mil anos.
Agradeço e peço benção.

Odoiá, rainha do mar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pra vocês. (Dani)

Um amigo é alguém que sabe a sua canção e a canta quando você a esqueceu. Allen Cohen

Pra todos vocês, meus amores, que deixam meus dias mais felizes!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

My Parents Were Awesome (Lígia)

Ontem, estava eu passeando pela internet, coisa que eu descobri que faço muito bem, hahahaha, e passei em um site que eu acho muito legal que chama "My parents were awesome", onde as pessoas colocam fotos dos seus pais antes deles se tornarem pais!
Nessa, fiquei com muita vontade de colocar uma foto dos meus pais, porque eu acho as fotos antigas deles surreais de incríveis, não sei se é porque são meus pais, se é porque são os anos 60 e 70, se é pela tonalidade das cores, se é porque eu tendo a ser nostálgica com coisas que não vivi, só sei que eu adoro muito mesmo, passo horas vendo fotos antigas da minha família.
Dai ontem cheguei em casa e fui procurar uma foto bacana, mas achei uma da minha mãe que eu simplesmente me apaixonei, não conseguia parar de olhar o quanto ela estava linda na foto, o quanto ela está radiante e feliz. Sei lá, sabe quando você sente toda a juventude da pessoa? Você olha a foto e enxerga mil planos, mil oportunidades, e um sorriso inocente?
Me veio aquele trecho do "filtro solar" na cabeça:


Mamãe: linda, leve e loira.

"Desfrute do poder e da beleza da sua juventude.
Ou, esqueça. Você só vai compreender o poder e a beleza da sua juventude quando já tiverem desaparecido.
Mas, acredite em mim. Dentro de vinte anos, você olhará as suas fotos e compreenderá de um jeito que você não pode compreender agora, quantas oportunidade se abriram para você, e como você era realmente fabuloso."

Quem quiser conhecer o site: http://myparentswereawesome.tumblr.com/

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Quem sabe aqui dentro o que acontece sou eu (Dani)

Num dia tão esquisito, eu não queria ver coisas bonitas, eu queria deixar de ver coisas feias. A moça com a criança no colo enquanto todo mundo fingia dormir, o moço com o olho de vidro que me olhou e sorriu, a moça apressada tentando andar enquanto a elefantíase atrapalhava. É, ele tem frutas na mesa e infelizmente isso quer dizer que ele tem dinheiro, ele não tem coisas importadas.
Porque raios você perguntou com voz de medo se podia me abraçar? Como se eu fosse famosa, como se eu fosse uma heroína. Eu é que devia ter te pedido um abraço, porque eu senti tanto medo de tudo dar errado que se você me abraçasse talvez eu começasse a chorar.
Receber o email foi quase como ter visto meu nome na lista do vestibular, a reação foi a mesma. Olhei, olhei e olhei pro computador e minha mãe não tava aqui apesar do meu sonho ter sido tão real que eu acordei em dúvida. E não tive coragem de ligar pro meu pai nem vontade de contar pra minha vó. Aí dividi a alegria com aquela que eu sempre divido tudo. Trabalhar foi mais uma tábua de salvação dentro de um dia cinzento onde eu não consegui tirar a cortina que atrapalhava as cores. Ou vi Beatles até enjoar, mas não adiantou.
Se eu pudesse hoje tinha ido pro meio do deserto, sentar no chão, chorar e dar um grito que chegasse até o ouvido da mulher que não deu o lugar pra moça com a criança no colo. Eu preciso ver cenas bonitas no meio dessa loucura que é a vida. Aí escutei a música certa.
"The world's a rollercoaster
And I am not strapped in
Maybe I should hold with care
But my hands are busy in the air
I wish you were here..."

E a frase do dia que na verdade salvou o dia foi: "Quem ia imaginar que aquela minha branquelinha ia chegar onde chegou..." . Pois é, eu já fui branquela. Lindeza de pai.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Postcards from Italy (Dani)

É tanta coisa que nem parece só um ano. São tantos amigos, as pessoas que mais pensam parecido comigo. É um ter coragem de basear seu idealismo na realidade, e não só criticar. É aquele se questionar todos os dias, constantemente. Você é tão bonito que eu te compro um doce. Pra ver se alegra, se adoça. A vida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre conversas (Dani)

E no meio de toda essa velocidade você já se esqueceu do mais importante: para, questionar, perguntar. Se esqueceu de olhar o fundamento das suas ações, e agora se encontra carcomido pelas termas quentinhas do imediato e descartável. Como esses casais que terminam dizendo que não foram infiéis e sim que “a rotina nos matou”. Não foram capazes de entender a rotina eu a rotina não mata quando está cheia de sentido, se não quando se converte na repetição automática de rituais e ações que nem sequer você compreende. E ser fiel não tem nada a ver com manter-se imóvel em uma posição, e sim ter fundamentos tão bem estabelecidos que te permitem, como em uma casa, ampliar-se, modificar-se, sempre na direção estabelecida pela raiz. Isso tem a ver com projetar, ou seja, encher o temporal, na medida correspondente, de eternidade e transcendência.

Assim, meu amigo, que essa carta seja um sinal de pare no seu caminho. Que te permita parar e olhar sua vida com calma e plena liberdade. Que te permita questionar tuas raízes, e que te convide a desatar-se desse canto tranqüilo do mundo, no qual você tem estado se escondendo. Pergunte a si mesmo que coisas da sua vida vale a pena encher de eternidade, e quais são contingências (mais ou menos importantes). Pergunte a si mesmo qual é o seu Projeto, com maiúscula, sem medo de mudar, modificar ou retroceder o que já foi recorrido: a isso sim você precisa ser fiel. O resto, como dizem, virá de acréscimo.

Extraído do blog "Espaço de Debate" do CIS de Un Techo para Chile, acho que tem a ver com o seu texto aí de baixo tb, chubis.

"Queria ser pobre um dia, ser todos tá foda!" (Lígia)

"Você sabia que o microondas foi inventado na segunda guerra mundial?"
Não, eu não sabia, e enquanto eu comia meu almoço uma menina de 13 anos desandava a falar sobre a sua vida e sobre a sua familia.
Caramba, o mundo insiste em me mostrar que eu não posso ter preconceito, porque hoje no almoço eu descobri que a Bianca tem a cabeça melhor que muita gente de 20 anos que eu conheço. Virar a noite fazendo roupa de barbie pra ajudar a sua mãe, quando seu pai foi pro Japão e "esqueceu de ser pai e marido", como ela mesmo me disse, não é pra qualquer um!
E "hoje as coisas tão bem melhores, minha mãe abriu uma empresa de sacola de pano, o que é muito bom porque a gente ajuda o meio ambiente, a gente ainda vira noite ajudando a minha mãe, mas as coisas tão bem melhores".
O mundo tá sufocado de preconceitos, quando eu escutei vindo de uma amiga que "o novo melhor amigo da Lígia é pedreiro", com um enorme desdém, só porque eu comentei que ia correr 5km todos os dias com o Gilmar lá em Salvador, eu tive vontade de abrir toda a janela do carro pra que entrasse ar! Pois hoje eu descobri que o Gilmar já comeu filé de alce em Rotterdam! Isso mesmo, na Holanda!
Agora me fala quanta coisa a gente perde por ter preconceito! Por não conversar com as pessoas porque elas não são iguais a gente. No final das contas o Gilmar não só me ensinou 2347645 mil coisas sobre estrutura e revestimento como pode me contar como faz frio no inverno na Europa.
E ainda bem, que amanhã de manhã, quando eu pisar meus pés no Anita, eu vou continuar sendo lembrada disso.


P.S.: Ahhhhh o título do post é uma frase que eu ouvi hoje do Dejonei, um dos meninos que trabalha aqui na Marcenaria.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

What If? (Dani)

Aqui na minha busca frenética por Coldplay pra estar preparada pro show, achei essa música maravilhosa. Considerando que hoje é mais um dia comum aqui na Capadócia, aí vai ela.

No Youtubas: http://www.youtube.com/watch?v=FdD6RMICpfg

Letra:
What if there was no lie
Nothing wrong, nothing right
What if there was no time
And no reason or rhyme
What if you should decide
That you don't want me there by your side
That you don't want me there in your life

What if I got it wrong
And no poem or song
Could put right what I got wrong
Or make you feel I belong
What if you should decide
That you don't want me there by your side
That you don't want me there in your life

Refrão:
Oooh, that's right
Let's take a breath and jump over inside
Oooh, that's right
How can you know it, if you don't even try?
Oooh, that's right

Every step that you take
Could be your biggest mistake
And it could bend or it could break
That's the risk that you take
What if you should decide
That you don't want me there in your life
That you don't want me there by your side

Oooh, that's right
Let's take a breath and jump over inside
Oooh, that's right
You know that darkness always turns into light
Oooh, that's right

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Valle de La Luna (Dani)



Eu já estive aí. E estou voltando. Frio na barriga.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Enquanto a vida acontece (Dani)

Hoje é domingo e eu acordei as sete da manha, sem sono. O que foi bom porque eu pude ver uma fresta de sol no teto, coisa que geralmente eu não consigo ver e nem sabia que isso acontecia, na verdade.
Eu sempre disse que pra mim o ano começava no dia 04, do dia 25 ao dia 03 eu estava apenas no limbo das pessoas felizes que não sabem em que dia estão. E enfim ele começou e eu estou chateada de ainda estar escrevendo no meu diário de 2009, parece meio que um desrespeito, um entrave.
Nessa primeira semana do ano eu esperei ouvir sua voz, aí no dia seguinte eu dancei tango e percebi que desisti de esperar. Ouvir Viva La Vida olhando pro mar faz com que a vida pareça grandiosa demais pra ficar esperando certas coisas. É como se um espetáculo fosse começar a cada dia.
E você foi. E quando você disse que não queria que eu achasse isso ou aquilo eu percebi que de verdade eu não acho nada porque você me confundiu e não me mostrou nada. Pra mim você é o cara que continuava fazendo carinho na minha mão enquanto dormia, porque acho que você não mudava de comportamento ao longo do sono, como mudou ao longo dos meses.
E tudo o que eu achei que fosse ser tão difícil foi bem mais fácil porque eu estou vendo a vida acontecer, e me sentindo parte dos acontecimentos, enquanto escrevo isso aqui.
"-Você acha que as células, os planetas e as pessoas são todos uma coisa só?
-Eu não.
-Ai, graças a Deus. Tava me sentindo aquelas pessoas fúteis que não reconhecem que tudo é uma grande coisa só.
-Ah, são, mas não são.
-Pois é."
E a quantidade de gargalhadas e de histórias repetidas que eu contei ao longo dessa semana me fez querer ouvir a música de novo e de novo e de novo. Mesmo que dessa vez fosse dentro do metrô. "A gente arrasa." Porque arrasa mesmo e eu pude dizer "Eu gosto de te contar tudo, aí as vezes eu acabo contando mais de uma vez". E quando a gente dançou no supermercado eu lembrei do Buiu e da nossa conversa numa dessas madrugadas.
"-Sabe, eu procuro pessoas que dançam no supermercado.
-Como assim?
-Ah, imagina a cena. Voce tá com uma menina que de repente começa a te puxar e a dançar com você no meio do corredor de macarrão.
-Nossa, ia ser animal."
E quando eu dancei, lembrei do Buiu e da conversa, sorri e te contei mais essa história, já que você também me acha maluca e não liga quando eu repito, mesmo que eu não tenha repetido essa.
E me senti parte da vida acontecendo, já que ela pode acontecer em momentos banais, entre corredores de chocolates.

sábado, 9 de janeiro de 2010

"Gostou do meu escritório?" (Lígia)

Admito que 2010 começou meio esquisito pra mim, na verdade não foi 2010, foi essa semana. Enquanto eu estava lá em Floripa tava tudo certo, acordei meio esquisita dia 1º e com a maior sede do Brasil! Vesti meu vestido mais colorido, comprei três garrafinhas de água e me postei na varanda com uma revista muito bacana nas mãos! O combo de ler reportagens muito legais, do “Deus Sol” estar de volta e de colocar os pensamentos no lugar, coisa que eu não consegui fazer muito bem dia 31 devido ao nível de álcool no sangue, me fez sentir mais leve e realmente preparada pra começar um novo ano. 2009 foi muito longo e muitas coisas aconteceram, dia 1º foi importante pra que tudo se ajeitasse dentro de mim.
Mas sei lá eu porque cargas d’água essa semana do dia 4 ao dia 8 foram conturbadas e esquisitas! Muita coisa aconteceu pra 5 dias!!! Foi tempo suficiente pra sofrer preconceito no trabalho, quase se desesperar com a quantidade de coisa pra fazer, parecer que eu já tinha voltado há três meses, levar um tombo de bunda na rua digno de um episódio de Sex and the City, quebrar o guarda-chuva de uma amiga, não ir numa reunião que eu queria muito por mal-humor, querer ir pra casa, encontrar velhos amigos, ter certeza de que eles nada sabem sobre mim, decidir que não queria mais isso na minha vida e receber uma mensagem covarde que me fez ter que encarar a situação de novo, mandar um e-mail muito importante, superar uma raiva muito forte, dar risada de novo das besteiras de uma pessoa que eu espero que fique sempre por aqui, matar a saudade apertada da minha belezura, ir ao cinema, perder o preconceito de um filme, comer mexicano, correr 5,5 km e comer molho tártaro ouvindo a história do siri Eusébio.
Tava começando a ficar meio irritada/incomodada com essa sensação do ano mal ter começado e já ter acontecido coisa demais, e de eu já estar me sentindo longe de Floripa, coisa que eu não queria de jeito nenhum! Quero sentir a força e a energia das piscinas naturais lá da Barra e das pedras com formato de índio lá da praia Mole por muito tempo!
Hoje andando a 110km/h na Castelo Branco eu sabia que 2010 ia começar pra valer hoje pra mim, sei lá, eu sabia que essa semana ia ficar pequena e a energia que eu ia sentir hoje ia fortalecer todo o céu estrelado e a imensidão do mar azul que eu vivi nesses 5 dias em Florianópolis, também porque um filme que eu não dava nada me fez relembrar o quanto eu amo a natureza, o quanto eu me sinto parte dela, me sinto parte do mundo, “eu não estou no meio ambiente, eu sou o meio ambiente”, e hoje enquanto eu caía de 11 mil pés de altura, eu me senti extremamente feliz, eu me senti parte do mundo, eu me senti o mundo, eu me senti o vento, eu e o vento não tínhamos limite, era uma única coisa contínua, eu era o ar que alimenta todo esse mundão! O céu me engoliu e eu engoli o céu!
Eu senti a energia de milhões de anos passarem por mim, como se eu fosse um condutor elétrico, eu me senti feliz, extremamente feliz! Minha cabeça simplesmente parou, parou de funcionar e eu apenas senti, não existia razão nenhuma, só emoção, só explosão, só eu e o mundo.
Quando coloquei meus pés no chão eu gritava e ria sem parar, a risada saía sem eu perceber, sem eu controlar!
Esse mundo é grande demais, eu adoro ser lembrada disso.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tango na Rua (Dani)


Feche os olhos. Não pense, só sinta seu peso indo de um pé pro outro. Tudo é uma questão de apoio. Não pense. Sinta. Dance. Viu só, você está dançando. Quem se importa que são três da manhã? Não pense que você erra o passo. Se permita ser conduzida uma vez na vida. Viu só, você está dançando. Quem se importa se é no meio da rua? Feche os olhos. Dance.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Free Spirit (Dani)


Eu te odiei quando você me disse isso. Mas eu senti tanto a sua falta que você só poderia estar certo. You inspired me. Again.

Eu voltei. Por mais engraçado que isso pareça, agora eu sou inteira, sempre buscando e sempre descobrindo. Como disse a Lígia, desde sempre, até sempre.

1987 - 2010 - ? (Lígia)



Sempre. De novo e de novo.